A crise no Zimbabwe vê-se da janela de um comboio

Os degradados caminhos-de-ferro do Zimbabwe são um testemunho do colapso económico do país africano.

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Viagens que duram 16 horas em vez de dez. Ervas que cobrem carruagens paradas no tempo e escondem as linhas férreas. Cabines de primeira classe com pouco conforto e muita sujidade.

A crise económica do Zimbabwe dura há mais de 20 anos. A hiperinflação deixada como herança pelo antigo Presidente Robert Mugabe deixou a economia de rastos e os comboios são testemunhos do declínio de um país. Actualmente, apenas 6% da população tem um emprego formal.

As ferrovias nacionais foram construídas durante a era colonial britânica e faziam parte de uma planeada rota que ligaria a Cidade do Cabo ao Cairo, mas que nunca foi terminada. Foram o transporte preferido da maioria dos habitantes durante décadas. Agora, muitos preferem pagar mais e fazer centenas de quilómetros de autocarro ou até mesmo de táxi.

Gilbert Mthinzima Ndlovu é um veterano da guerra da independência e trabalha há mais de 35 anos como segurança dos caminhos-de-ferro do Zimbabwe. Sonha com os velhos tempos onde os comboios estavam sempre cheios e chegavam sempre a horas.

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É deitado nos bancos da primeira classe que faz a viagem da capital até casa. “Os tempos agora estão diferentes, temos poucos passageiros”, refere o segurança.

As carruagens não têm luz nem água e as casas de banho estão imundas. Os postos de informação são constantemente vandalizados. As partidas e chegadas são indicadas numa ardósia à entrada da estação, para que os poucos passageiros saibam quando embarcar.

“Nos dias de hoje, já nem se pode comprar comida nos comboios, todas as carruagens estão sujas, sem água e com luzes que nem sequer funcionam”, menciona um passageiro que se recusa a dar o nome.

Sem fundos para manutenção das linhas e das carruagens e com a empresa endividada, os caminhos-de-ferro do Zimbabwe dependem do investimento internacional.

Em 2007, a sul-africana Transnet, uma empresa de transportes, investiu 400 milhões de dólares, o equivalente a 347 milhões de euros, para dotar os caminhos-de-ferro do Zimbabwe de novo material circulante e restaurar algumas das carruagens antigas.

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