Quatro minutos que disfarçam mas não apagam os outros 90

Exibição muito apagada do Sporting, que esteve a perder na Ucrânia desde os dez minutos. Reviravolta nos derradeiros instantes, com golos de Montero e Jovane Cabral, dá segundo triunfo na Liga Europa

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O Sporting sofreu, mas venceu Reuters/VALENTYN OGIRENKO

Foi com uma reviravolta inesperada, a testar o coração dos adeptos, que o Sporting obteve a segunda vitória no Grupo E da Liga Europa. Os golos de Fredy Montero e Jovane Cabral, separados por quatro minutos na recta final da partida diante do Vorskla, permitiram contrariar a vantagem ucraniana – e de alguma forma maquilham a exibição desastrada que a equipa de José Peseiro fez em Poltava. Inofensivos durante a maior parte do encontro, com excepção de um par de lances isolados, os “leões” foram felizes graças a dois suplentes lançados pelo técnico.

O Sporting esteve a perder desde os dez minutos e durante mais de uma hora não mostrou arte nem engenho para justificar outro resultado. Uma vez em vantagem, o Vorskla concentrou-se em defender e teve a tarefa facilitada pela inoperância “leonina”, mas ainda houve tempo para uma reviravolta caída do céu. Montero, numa iniciativa individual, restabeleceu a igualdade em cima dos 90’. E Jovane Cabral confirmou o estatuto de “arma secreta” ao marcar, já no período de compensação, o golo do triunfo.

Peseiro promoveu uma espécie de revolução no “onze”, juntando quatro novidades ao regressado Nani. O internacional português, que também recuperou a braçadeira de capitão, integrou um tridente atacante renovado, com Carlos Mané e Diaby. E nas laterais da defesa estiveram Bruno Gaspar e Jefferson. Mas poucas das apostas de Peseiro tiveram uma noite feliz na Ucrânia, e só quando o técnico recorreu a alguns dos habitualmente titulares o Sporting justificou outro resultado.

A jogar em casa, esta época, o Vorskla só sabia ganhar. E não demorou a colocar-se em vantagem: Skilar avançou pela direita, tentou colocar na área onde André Pinto fez um corte desastrado, deixando a bola à entrada da área “leonina”. Kulach foi rápido a reagir e fez a recarga para o golo, sem que Salin pudesse fazer algo.

O golo foi um golpe demasiado duro para o Sporting, que durante longuíssimos minutos foi incapaz de chegar perto da baliza ucraniana. O único remate enquadrado com a baliza adversária surgiu já perto do intervalo, com Nani, em excelente posição, a dominar e rematar para defesa do guarda-redes Shust. Apesar de terem dominado (58% de posse de bola, seis cantos contra nenhum do Vorskla), os “leões” eram praticamente inofensivos.

A tendência manteve-se no segundo tempo, com o Vorskla a defender a vantagem e a espreitar o contra-ataque, e o Sporting a falhar na construção de jogadas de perigo. Seria com as entradas de Montero, e depois de Jovane Cabral e Raphinha, que o futebol “leonino” ganharia maior dinamismo e acutilância. A ameaça mais flagrante surgiu aos 79’, com Montero a desferir um remate acrobático após passe de Bruno Fernandes, mas Shust mostrou reflexos e impediu o golo.

O tempo urgia, até que, em cima dos 90’, Montero restabeleceu a igualdade. O colombiano enganou um adversário com uma finta de corpo, tirou outro da frente e atirou para o empate. A bola voltou ao centro do terreno e o Sporting lançou-se em busca do golo da vitória. Estava nos pés de Jovane Cabral: aos 90+3’, não desperdiçou uma bola solta na área e consumou a reviravolta. Valeu três pontos, mas não apaga o que foram os 89 minutos anteriores.

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