Perto de 30 idosos amarrados e agredidos em roubos na zona centro

PJ deteve quatro jovens que terão cometido 19 assaltos violentos. Uma mulher de 85 anos morreu na sequência das agressões.

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Os crimes aconteciam em zonas rurais isoladas Miguel Manso

Foi despido, atirado ao chão, sujeito a vários cortes no corpo. Levou murros e pontapé, desmaiou várias vezes e depois entrou em coma. Queriam obrigá-lo a revelar o local onde escondera ouro que não tinha. Tudo aconteceu em Junho, quando um grupo lhe assaltou a casa e o torturou. O idoso, residente numa localidade próxima da Figueira da Foz, continua internado e ainda não fala.

É um dos 28 idosos violentamente agredidos entre Fevereiro e Julho deste ano na região centro, em 19 assaltos a casas isoladas. Outra das vítimas, uma mulher de 85 anos que vivia com o marido numa aldeia de Pombal, acabou mesmo por morrer na sequência das agressões. A cabeça atirada com extrema violência contra uma parede provocou-lhe uma hemorragia interna, que terá estado na origem da morte. Isso mesmo demonstrou a autópsia da octogenária.

Os alegados autores são um grupo de quatro jovens com idades entre os 22 e os 28 anos cuja detenção a Polícia Judiciária anunciou esta quarta-feira, no rescaldo de uma operação realizada esta terça-feira com o apoio da GNR e da PSP.

Os suspeitos estão indiciados por roubo, sequestro e um homicídio, crimes ocorridos desde o início de Fevereiro, nos concelhos de Leiria, Marinha Grande, Pombal, Figueira da Foz e Coimbra. Esta quarta-feira estiveram a ser ouvidos no Tribunal de Leiria por um juiz de instrução, mas ao início da noite ainda não eram conhecidas as medidas de coacção.

“Os elementos do grupo actuavam encapuzados e, por meio de arrombamento de portas ou janelas, usando armas brancas e bastões, penetravam em casas isoladas, habitadas por pessoas idosas, que eram surpreendidas durante a noite, sendo agredidas de forma gratuita e com extrema violência e depois amarradas”, detalha a Directoria do Centro da PJ, em comunicado.

Escolhiam a madrugava para actuar e entravam com estrondo. Chegaram a usar pilares de pedra para arrombar portas. “Usavam uma violência extrema e gratuita, mesmo com quem se dispunha a entregar-lhes todo o dinheiro e o ouro”, nota um responsável da PJ.

As queixas começaram a chegar à PSP e à GNR e, à medida que se amontoavam, começou-se a perceber um padrão. “Escolhiam sempre casas isoladas e casais ou idosos sozinhos”, refere o mesmo responsável.

A investigação não foi fácil, já que as testemunham não conseguiam identificar os suspeitos. Foi preciso analisar muitos vestígios. A grande operação de terça-feira envolveu inspectores da PJ de Coimbra e dos departamentos de Investigação Criminal de Aveiro, Guarda e Leiria, além de várias equipas da GNR e da PSP. Envolveu um conjunto elevado de buscas a casas, carros e acampamentos.

Além dos quatro jovens, foi detido um outro, em flagrante delito, por posse de droga. E foram “encontrados e apreendidos vários objectos e documentos correlacionados com os crimes praticados”, adianta o comunicado.

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