O treinador português tomou definitivamente conta do campeonato

Pela segunda época consecutiva, é 100% português o quadro de técnicos principais da I Liga.

Foto
José Mota é agora o treinador em funções na I Liga com mais jogos no principal escalão LUSA/MIGUEL A. LOPES

Jorge Jesus emigrou e Manuel Machado não faz parte do pelotão de treinadores que iniciará neste fim-de-semana o ciclo 2018-19 da Liga portuguesa. Na prática, estas duas ausências significam que não haverá nenhum técnico principal acima da barreira dos 400 jogos no principal escalão do futebol nacional, mas essa é apenas uma curiosidade que em nada mexe com o essencial. E o essencial é que a aposta em treinadores portugueses veio para ficar, com o campeonato a registar um pleno pela segunda vez consecutiva.

Tal como em 2017-18, na época que hoje se inicia só haverá treinadores de nacionalidade portuguesa. A competência da classe, a forma pioneira como o país se posicionou no domínio da formação e o conhecimento profundo que têm da realidade nacional têm contribuído para tornar os técnicos lusos numa escolha recorrente dos dirigentes, dentro e fora de portas. E os últimos anos têm traduzido uma consolidação da tendência, mesmo com uma ou outra excepções pelo caminho — basta ver que em 2011-12, por exemplo, numa altura em que a competição contava com 16 equipas, já estávamos na presença de uma Liga 100% portuguesa neste capítulo.

Se a lógica de continuidade impera no pelotão da frente (e o Sporting só não entra no lote porque os tumultos internos conduziram à saída de Jorge Jesus), nos clubes mais próximos do patamar europeu há uma tendência de renovação. As boas prestações do Marítimo e do Desp. Chaves na época passada valeram aos respectivos treinadores uma mudança para Trás-os-Montes (Daniel Ramos) e Guimarães (Luís Castro), enquanto a temporada positiva de Miguel Lourenço no Rio Ave lhe garantiu uma viagem para França. Aproveitou José Gomes, de 47 anos, para perpetuar a linhagem de técnicos promissores em Vila do Conde, apesar do capital de experiência que acumulou nos últimos anos em países como Espanha, Grécia, Hungria ou Arábia Saudita.

As principais novidades, essas, chegam do Funchal e do Algarve, já que Marítimo e Portimonense deram um voto de confiança a técnicos que vão ainda estrear-se no principal escalão. Cláudio Braga e António Folha (ver caixa) terão a missão espinhosa de replicar (ou de se aproximarem) das excelentes performances obtidas por madeirenses e algarvios na época anterior.

Com nomes como Silas (Belenenses), Pepa (Tondela), Ivo Vieira (Moreirense), Nuno Manta (Feirense), Jorge Simão (Boavista) ou Costinha (Nacional) a figurarem entre os treinadores da nova geração, fora do leque dos candidatos mais fortes às posições cimeiras, o “título” de técnico com maior capital de experiência na I Liga fica agora nas mãos de José Mota: ao serviço do Desp. Aves, já fez 15 do 379 jogos que soma na I Liga.

Uma última curiosidade estatística sobre este plantel muito particular: o mais velho é José Peseiro (Sporting), com 58 anos, o mais novo continua a ser Pepa, com 37.

Sugerir correcção
Comentar