Ramil Guliyev, a consagração europeia do campeão do mundo

Turco nascido no Azerbaijão venceu no duplo hectómetro dos Europeus de atletismo.

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Guliyev, o campeão europeu dos 200m Reuters/MICHAEL DALDER

Os Mundiais do ano passado em Londres eram para ser a consagração e despedida de Usain Bolt, mas acabaram em passagem de testemunho. O jamaicano perdeu a final dos 100m para Gatlin, saiu a coxear das estafetas e nem se inscreveu nos 200m. Quem aproveitou da melhor maneira essa ausência foi Ramil Guliyev, que ficou com o título de herdeiro de Bolt no duplo hectómetro. Nesta quinta-feira, em Berlim, o turco que nasceu no Azerbaijão reclamou o para si o título continental dos 200m, sem dar qualquer hipótese à concorrência.

Foi uma exibição absolutamente dominadora do homem das tatuagens e que, como sempre, correu com óculos escuros. Foi o único da final a baixar dos 20 segundos, com um novo recorde pessoal (19,76s), deixando para trás Nethaneel Mitchell-Blake, o melhor dos britânicos, e Alex Wilson, o jamaicano que corre pela Suíça. “Esta é uma pista muito rápida, com grandes condições e um grande público. Tinha estado aqui em 2009, mas era a minha primeira grande competição e era tudo novo para mim. Agora, tudo foi diferente”, disse Guliyev após conquistar o seu primeiro título europeu ao ar livre, ele que tinha sido medalha de prata há dois anos em Amesterdão, atrás do espanhol Bruno Hortelano, que não conseguiu melhor que um quarto lugar em Berlim.

Num estádio que já viu tantas corridas históricas, a noite também pertenceu ao norueguês Karsten Warholm, que venceu a primeira “mão” daquilo que se propõe fazer nestes Europeus. O nórdico de 22 anos, campeão mundial em 2017, triunfou nos 400m barreiras, com 47,64s, voltando a deixar para trás Yasmani Copello, o turco de origem cubana, campeão europeu em título e “vice” em Londres. Na sexta-feira, Warholm vai ser mais um norueguês na ribalta para além dos irmãos Ingebrigtsen, quando estiver na final dos 400m planos, que também terá o português Ricardo dos Santos. “Há pouco tempo fiz 400m. Fui para casa, ganhei coragem e, um segundo depois, pensei ‘Isto pode ser divertido’. Só se vive uma vez, vamos a isso”, disse o norueguês após o primeiro ouro em Europeus.

O repetente da noite foi o francês Mahiedine Mekhissi-Benabbad, que triunfou pela quarta vez nos 3000m obstáculos, ultrapassando na última volta o espanhol Fernando Carro, enquanto os adeptos da casa viram uma batalha alemã pelo ouro no lançamento do dardo. O campeão olímpico Thomas Roehler bateu Andreas Hoffman com um lançamento a 89,47m.

Quem também defendeu com sucesso o seu título na vara foi a grega Ekaterini Stefanidi, que tem sido a dominadora da disciplina nos últimos tempos e em todas as grandes competições.

Évora entra em acção

Na sexta-feira, entra em acção uma das grandes esperanças portuguesas de medalhas. Nelson Évora nunca foi medalhado em Europeus ao ar livre, ele que já foi campeão mundial e olímpico, mas vai tentar chegar ao pódio em Berlim no triplo salto. O saltador português está no Grupo B de qualificação, que tem uma marca de acesso directo à final de 16,75m e, se tudo correr dentro da normalidade, Évora estará na final de domingo, sendo que nos Europeus de 2016 em Amesterdão falhou o acesso à final.

No quinto dia, os portugueses também devem estar atentos à inédita participação de Ricardo dos Santos na final dos 400m, à presença de Lorène Barzolo nas eliminatórias dos 200m, de Marta Pen nos 1500m, de Diogo Ferreira na qualificação da vara e ao segundo dia de Lacabela Quaresma no heptatlo, ela que é 18.ª (3520 pontos) ao fim de quatro eventos.

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