Ricardo dos Santos é mais uma boa notícia para a velocidade portuguesa

Atleta português, radicado em Londres, garantiu a qualificação para a final dos 400m nos Campeonatos da Europa, que decorrem em Berlim.

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Ricardo dos Santos deitado na pista onde irá correr a final dos 400m na sexta-feira LUSA/SRDJAN SUKI

Num terceiro dia bastante discreto, a melhor notícia para o atletismo português nos Europeus de Berlim veio da velocidade. Ricardo dos Santos, lisboeta de nascimento e radicado em Londres, apurou-se para a final dos 400m, com um excelente recorde nacional na volta à pista (45,14s), retirando mais de quatro décimas ao recorde que o próprio já tinha estabelecido em Berlim (45,55s), nas eliminatórias. Não deu para o apuramento directo (foi terceiro na sua série), mas chegou para ser um dois repescados por tempos e estará na final desta sexta-feira. Mas entre a corrida e o apuramento, Ricardo dos Santos ainda teve de esperar 20 longuíssimos minutos.

Primeiro correu e brilhou na primeira das três meias-finais, arrancando um terceiro lugar no limite frente ao italiano Matteo Galvan (45,17s). Depois, ele e Galvan foram para as cadeiras dos repescados à espera das outras duas séries. Ambos mantiveram os lugares após a segunda série, mas só o português seria finalista depois da terceira — um dos irmãos Borlée, Kevin, foi o outro repescado. “Não teve piada nenhuma estar à espera. Foram os 20 minutos mais longos da minha vida”, admitiu o atleta português de 23 anos, já depois de garantir o lugar na final.

Estes Europeus de Berlim têm sido uma montra para a tremenda evolução recente deste português que vive em Inglaterra desde os dois anos e que é treinado por Linford Christie, o antigo campeão olímpico do hectómetro — David Lima, outro dos bons velocistas portugueses da actualidade, também trabalha com Christie. Em Berlim, já conseguiu tirar 0,6s ao recorde que trazia para estes Europeus e que já era máximo português desde 2014 — só para se ter uma noção da valia das marcas de Ricardo dos Santos, o recorde português antes de 2014 era de Carlos Silva, com 46,11s feitos em 1996.

Em boa hora Ricardo dos Santos se “ofereceu” para correr por Portugal em 2012, ele que nasceu em Lisboa e que, aos dois anos, acompanhou os pais na mudança para Inglaterra. “Sendo português e desejando representar a selecção, contactei a federação e, através do técnico nacional [Carlos Silva], consegui o que ambicionava”, contou numa entrevista em 2014 ao jornal Record. Nesse ano, foi logo aos Mundiais de juniores e, em 2014, nos Europeus de Zurique, tornou-se no primeiro português a fazer a volta à pista abaixo dos 46 segundos. E logo por duas vezes, 45,81s nas eliminatórias e 45,74s nas “meias”, falhando a final por pouco.

Nas provas nacionais, Ricardo dos Santos corre pelo Benfica, mas vive e treina-se em Londres, com o grupo de Christie. E o atleta não se esqueceu do grande campeão britânico após este apuramento inédito entre os velocistas portugueses para uma grande final internacional de 400m. “Um grande obrigado ao meu treinador, que sempre acreditou em mim e sempre acreditou que eu podia ser rápido. Ele estava mais nervoso do que eu. E fiquei muito surpreendido com o que fiz”, disse ainda o velocista português.

A evolução de Ricardo Santos é, assim, mais uma boa notícia para o atletismo português no sector da velocidade, que teve uma super-estrela de classe mundial durante uma década chamada Francis Obikwelu (que ainda é o recordista europeu). Os Mundiais do ano passado, em Londres, tiveram David Lima em bom plano, sobretudo nos 200m (foi semifinalista, mas falhou estes Europeus, por lesão), e, já em Berlim, os três atletas portugueses dos 100m passaram todos às meias-finais — Yazaldes Nascimento esteve muito perto da final (falhou por um centésimo), o que abre boas perspectivas para uma boa participação da estafeta de 4x100m (em que também irá participar Ricardo dos Santos).

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