A conta do ar

Sugiro que os cidadãos portugueses passem a pagar o ar da mesma maneira que pagam a água. Proponho que comecemos por pagar 10 por cento da conta mensal de água.

A água da torneira é limpa, barata e pode-se usar a quantidade que se quiser. Se estiver turva ou tiver mau sabor, ficamos surpreendidos. A última vez que isso me aconteceu foi nos anos 70. Mas se acontecer sei onde queixar-me e tenho a certeza que os SMAS de Sintra explicarão e resolverão rapidamente o problema.

Tenho esta certeza e este direito, porque sou cliente dos SMAS e pago as contas que eles me mandam. Teoricamente todos os habitantes do mundo têm direito a água limpa, mas infelizmente só há água limpa ilimitada para quem a compra nos países mais ricos.

Também tenho direito a respirar ar limpo. Mas não respiro. Pelas razões que todos conhecemos a poluição atmosférica nas grandes cidades portuguesas continua a matar pessoas: 6630 mortes prematuras em Portugal conforme a Agência Europeia do Ambiente.

Sugiro por isso que os cidadãos portugueses passem a pagar o ar da mesma maneira que pagam a água. Proponho que comecemos por pagar 10 por cento da conta mensal de água.

Acrescentaria outro A aos SMAAS, ficando cada um responsável também pelo ar: Serviços Municipalizados de Água, Ar e Saneamento.

Assim já poderíamos protestar sempre que levarmos com ar sujo. Assim já se poderia limitar drasticamente o tráfego de motores diesel. Assim já se poderia fiscalizar as emissões dos escapes.

Assim poderíamos pegar na conta do ar e sacudi-la dramaticamente, perguntando se é para nos envenenarem que pagamos todos os meses o ar que somos obrigados a respirar.

Era só criar mais uma rendinha para o Estado.

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