Um campeão de ferro e fogo retira o título a Portugal

Selecção portuguesa perdeu de forma categórica a final do Campeonato da Europa e passou o testemunho a Espanha.

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Terminou o Campeonato da Europa de hóquei em patins de 2018, na Corunha, com duas selecções a terem muito que contar: Espanha regozijar-se-á a contar os seis golos que marcou (6-3) e que lhe valeram o 17.º título continental, Portugal terá de conformar-se a contabilizar as oportunidades desperdiçadas e as oito vezes em que os ferros travaram a ambição de renovar o ceptro. O anfitrião fez a festa no dia em que o público no Palácio dos Desportos de Riazor finalmente respondeu à chamada.

Foi um início de jogo frenético, com o equilíbrio e a qualidade que tantas vezes faltaram ao longo da primeira fase do torneio. Portugal entrou com intensidade máxima e com Gonçalo Alves em alta: o jogador do FC Porto rematou uma, duas vezes e, à terceira, marcou mesmo. Aos 2m48s, culminou um slalom individual com uma finalização perfeita e fez o 0-1.

O golo madrugador não abalou os alicerces espanhóis, uma selecção habituada às grandes decisões e a ferir o adversário quando se aproxima da área contrária. Aos 5m52s, um primeiro remate de meia distância foi desviado com subtileza à boca da baliza por Jordi Adroher e Ângelo Girão nada pôde fazer para impedir o empate.

Portugal voltou, então, à carga para testar a fiabilidade dos ferros da baliza espanhola, primeiro por Gonçalo Alves (na recarga a uma grande penalidade falhada) e mais tarde por Diogo Rafael e Henrique Magalhães. Só que a resposta espanhola foi arrasadora: cruzamento da direita a meia altura e Ferran Font, cirúrgico, a desviar para as redes. Poucas oportunidades, mas uma eficácia tremenda para os anfitriões.

Foi esse, de resto, o guião de toda a primeira parte, porque apesar do maior assédio português à baliza de Sergio Fernández, voltaria a ser a selecção espanhola a fazer mossa, quando, a 3m44s do intervalo, Eduard Lamas assinou o 3-1, numa transição perfeita. Um conforto importante para uma equipa tão forte em organização defensiva.

Sem a necessidade de arriscar no segundo tempo, Espanha tornou-se mais especulativa mas manteve os níveis de finalização. Mais do mesmo. Portugal a testar a qualidade do guarda-redes adversário e os anfitriões a marcarem: Ignacio Alabart em mais um desvio aéreo, aos 32m, e Pau Bargalló menos de três minutos depois, a rematar por entre dois adversários. 5-1 no marcador e a reviravolta passava a ser uma miragem.

João Rodrigues ainda consolidou o estatuto de melhor marcador do Europeu, ao chegar aos 23 golos na conversão de um livre directo, e esteve muito perto de repetir a proeza um lance idêntico, não tivesse a bola sido devolvida pelo poste. Se dúvidas ainda houvesse sobre quem levantaria o troféu na Corunha, nesse instante terão ficado dissipadas.

Restava a Espanha ir aguentando, até final, o embate de um adversário cada vez menos esclarecido no momento de atacar a baliza. E esclarecimento foi um atributo que nunca faltou aos espanhóis quando se aproximavam da área contrária, como comprovou, pela sexta vez, Ferran Font, a nove minutos do fim. Por isso, quando João Rodrigues bisou já nos derradeiros segundos (terminou o torneio com 24 golos, mais do que cinco das 11 selecções que participaram na prova), já pouco havia em jogo para lá do brio do derrotado e da dimensão da glória do vencedor.

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