O internacional inglês que quer cruzar como Beckham

Devido às suas exibições no Mundial, Kieran Trippier tem vindo a ser comparado com o antigo número sete de Inglaterra.

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Trippier tem sido influente no 3x5x2 de Inglaterra Reuters

No futebol, a matemática é simples de se fazer: ganha a equipa que marcar mais golos. São heróis e lembrados por mais tempo os que conseguem meter a bola no fundo das redes e oferecer a vitória à sua equipa. Mas nesta equação, também devem ser considerados aqueles que criam as ocasiões para marcar. Na sua oitava internacionalização e no primeiro jogo numa grande competição de selecções, Kieran Trippier conseguiu igualar o recorde de 1966 de oportunidades criadas por um jogador inglês num só jogo do Mundial. Quem foi o anterior futebolista a igualar esse recorde? David Beckham.

Das seis oportunidades que Trippier criou contra a Tunísia, duas resultaram em golo. A segunda foi um canto em que a bola foi parar à cabeça do central Harry Maguire, que acabou por assistir o outro Harry da equipa. Kane marcou aos 90+1’ o golo que evitou que Inglaterra entrasse no Campeonato do Mundo com o pé esquerdo. No jogo seguinte, quando Inglaterra goleou o Panamá por 6-1, o lateral/ala bateu o canto para John Stones fazer o primeiro da partida, e assistiu Jesse Lingard com um cruzamento que passou por cima da defesa. O extremo acabou por ser derrubado na área, resultando num penálti, convertido por Kane.

As exibições de Trippier têm suscitado comparações com Beckham e uma nova alcunha para o jogador de 27 anos: “o Beckham de Bury”, o local de nascimento do lateral. Mas Trippier rejeita ser comparado com o histórico inglês conhecido pelos seus livres a cruzamentos mortíferos: “Um monte de pessoas tem dito isso, mas eu não estou perto das qualidades de Beckham”.

“Ele foi um fantástico criador. Ele converteu tantos livres e criou muito ao longo da sua carreira. Tudo o que posso fazer é continuar a fazer o melhor que consigo e em todas as oportunidades que eu tiver vou tentar meter a bola como o David Beckham”, disse Trippier, que confessou que sempre gostou da forma de actuar do ex-jogador do Manchester United e Real Madrid, em particular “das suas bolas paradas”.

A capacidade que Kieran Trippier tem de assistir os colegas não é de agora, como relembra Graham Howarth, professor na escola de Holcombe Brook, onde o agora internacional inglês estudou dos sete aos onze anos. “Ele via sempre o que estava acontecer do outro lado do campo e tinha grande sentido posicional”.

Em 2007, Trippier juntou-se às camadas jovens do Manchester City, mas manteve sempre um olho nos rivais do United, dos quais era adepto, e noutro jogador além de Beckham. “O Gary Neville jogou numa posição igual à minha. Defensivamente e ofensivamente, foi um jogador de qualidade para o Manchester United e para Inglaterra”, elogiou. Não é só a posição que Trippier e Neville têm em comum. O ex-United também é de Bury, no noroeste de Manchester.

Depois da aventura nos “citizens”, foi emprestado ao Barnsley e depois ao Burnley, ambos do Championship, segundo escalão inglês. Foi com o Burnley que subiu à Premier League, no final da época 2013-2014, e a qualidade de Trippier fez com que em 2015 fosse contratado pelo Tottenham, clube no qual disputou o lugar com Kyle Walker, que entretanto se mudou para o Manchester City.
A excelente época que fez em 2017-18 valeu-lhe uma chamada ao Mundial e um elogio do seu seleccionador. “O seu jogo no último terço é de alta qualidade. Ele é um dos que cruzam melhor da Liga [inglesa]”, afirmou Gareth Southgate.

A Inglaterra qualificou-se no segundo lugar do Grupo G, depois da derrota com a Bélgica no último jogo. E hoje terá pela frente a Colômbia , no Estádio Spartak. “Os ânimos estão em alta. Nada mudou e estamos todos ansiosos e prontos para jogar”, avisou Trippier. “Eles são uma equipa em forma que adora pressionar, por isso precisamos de nos preocupar com o nosso jogo e com a forma como podemos atingi-los”.

 

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