Roger Federer surge diferente, mas só por fora

João Sousa e Gastão Elias não passam a ronda inicial em Wimbledon.

Foto
Reuters/ANDREW BOYERS

A estreia de Roger Federer na edição 2018 do torneio de Wimbledon durou 1h19m. Foi o tempo que o suíço de 36 anos levou para eliminar o sérvio Dusan Lajovic num encontro em que não enfrentou qualquer break-point. Mas se as suas boas exibições sobre a relva do All England Club já não surpreendem, esta, porém, foi diferente: pela primeira vez, Federer pisou o court central com uma marca de equipamento diferente.

A proposta da japonesa Uniqlo — alegadamente, de 25,8 milhões de euros por ano — fez com que Federer terminasse a longa ligação com a Nike (de 8,6 milhões de euros/ano), cujo emblema ostentou quando conquistou os 20 títulos do Grand Slam — o primeiro em 2003, em Wimbledon. No entanto, os fãs vão ter que esperar até o próximo ano para comprar os novos equipamentos do ídolo.

“Obviamente que ainda temos de saber quando é que a Uniqlo pode começar a vender as roupas ao público. Isto apenas começou”, explicou o número dois do ranking, depois de eliminar Lajovic (58.º), por 6-1, 6-3 e 6-4. A nova patrocinadora de Federer já antes tinha equipado Novak Djokovic e mantém a sua ligação ao compatriota Kei Nishikori, o melhor tenista asiático de sempre.

Apenas o logo RF, que surgia no seu casaco e saco, se mantém ainda na posse da empresa norte-americana. “Há-de voltar para mim a qualquer momento. São as minhas iniciais, são minhas. Espero que a Nike colabore no processo. É algo muito importante para mim e para os fãs”, adiantou Federer. Aliás, dado que a Uniqlo não tem calçado, Federer continua a pisar a relva com sapatos Nike e é possível que mantenha uma ligação com a empresa norte-americana neste particular.

O grande rival do suíço nesta parte superior do quadro, Marin Cilic, levou mais meia-hora para vencer, por 6-1, 6-4 e 6-4, o japonês Yoshihito Nishioka (256.º), vindo de uma cirurgia ao joelho.

A grande vitória do dia foi da autoria de Stan Wawrinka (224.º), que não vencia um encontro em Wimbledon desde 2016. Número três do ranking há exactamente um ano, antes de a lesão no joelho o levar à mesa de operações, em Agosto, o suíço tem vindo a recuperar a forma e neta segunda-feira assinou a melhor exibição desde o seu regresso, para bater Grigor Dimitrov (6.º), por 1-6, 7-6 (7/3), 7-6 (7/5) e 6-4.

E foi precisamente a namorada do suíço, Donna Vekic (55.ª), a protagonista da prova feminina, ao provocar a primeira eliminação de uma top 10, ao vencer Sloane Stephens (4.ª), por 6-1, 6-3. Ao fim do dia, seria Elina Svitolina (5.ª) a segunda vítima ao perder, por 7-6 (7/3), 4-6 e 6-1, com Tatjana Maria (57.ª), uma das quatro mães a ganharem nesta segunda-feira.

Em frente seguiram as irmãs Williams. Serena, campeã em 2015 e 2016 e ausente no ano passado para ser mãe, somou a 15.ª vitória consecutiva em Wimbledon, ao vencer Arantxa Rus (105.ª), por 7-5, 6-3. Venus (9.ª) não entrou bem, mas terminou melhor diante de Johanna Larsson (58.ª): 6-7 (3/7), 6-2 e 6-1.

Outra veterana e quarto-finalista em 2017, Svetlana Kuznetsova (68.ª), cedeu diante da checa Barbora Strycova (23.ª): 7-6 (8/6), 7-5. Esta derrota vai impedir a russa de 33 anos a manter-se entre as cem melhores do mundo, onde entrou a 12 de Agosto de 2002 e aí ficou 831 semanas consecutivas – um recorde de permanência no top 100 feminino neste século.

O torneio ficou sem portugueses com as derrotas de João Sousa e Gastão Elias. O número um português repetiu o resultado do ano passado ao perder com o ucraniano Sergiy Stakhovsky (109.º). Sousa (45.º) recuperou de 0-2 em sets mas, na partida decisiva, não aproveitou a única oportunidade de break que teve e cedeu, por 6-3, 6-3, 5-7, 1-6 e 6-4. “Ele conseguiu servir muto bem nos dois primeiros sets. No quarto set, elevei o meu nível de jogo, mas no quinto, mais uma vez, não consegui aproveitar os break-points de que dispus. Não acho que tenha feito um mau jogo, mas não foi suficiente para ganhar”, resumiu Sousa.

Mesmo sem competir há seis semanas devido a lesão no ombro, Elias (118.º) teve oportunidades para evitar que o espanhol Guillermo Garcia-Lopez (65.º) vencesse com os parciais de 6-2, 6-4 e 6-2, mas só conseguiu concretizar um dos 10 break-points de que dispôs. “Joguei muito melhor do que esperava. Acho que o resultado engana um pouco porque senti que, em muitos momentos, o jogo podia ter caído para qualquer dos lados.  Felizmente, o ombro não chateou, mas com três dias de treino depois de um mês e meio parado, não posso pedir muito mais”, explicou Elias, que voltará à acção dentro de duas semanas, no ATP 250 de Bastad.

O primeiro dia da edição 2018 do Torneio de Wimbledon ficou ainda marcado por um novo recorde do torneio: durante a vitória sobre o compatriota Richard Gasquet, por 7-6 (8/6), 7-5 e 6-4, o francês Gael Monfils disparou um ás a 241 km/h, ultrapassando a anterior marca de 238 km/h, do norte-americano Taylor Dent, obtido em 2010.

Sugerir correcção
Comentar