Benfica suspeito de corromper jogadores com compra de passes

PJ do Porto realizou 24 buscas mas não constituiu arguidos. Desportivo das Aves, Vitória de Setúbal e Paços de Ferreira também visitados por inspectores.

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Nos últimos meses, pelo menos três altos responsáveis do Benfica foram constituídos arguidos no âmbito destas investigações, um rol que inclui o próprio presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira antónio PEDRO SANTOS/LUSA

A Polícia Judiciária (PJ) do Porto está a investigar suspeitas de que o Benfica terá corrompido jogadores de clubes adversários com a promessa ou a compra efectiva do seu passe. Seria essa a contrapartida paga pelo clube da Luz para que esses jogadores perdessem determinadas partidas determinantes para as contas dos “encarnados”.  

Esta é uma das denúncias que estão em investigação, num inquérito aberto este ano e que levou esta segunda-feira a PJ do Porto a quatro clubes. Além do Benfica foram alvo de buscas o Desportivo das Aves, o Vitória de Setúbal e o Paços de Ferreira.

A investigação suspeita ainda que houve pagamento a jogadores, feitos por clubes adversários, para os incentivar a vencerem outros rivais. Outra das denúncias tem a ver com a alegada simulação da venda de jogadores, que na realidade se mantinham ligados ao clube de origem, para contornar as limitações impostas pelas regras de empréstimo de jogadores.  

As normas que vigoraram nas últimas três temporadas permitiam que cada clube recebesse até três jogadores emprestados por um outro. A partir da próxima época haverá novos limites: cada clube só poderá emprestar no máximo até seis jogadores e apenas um a cada equipa que dispute o mesmo campeonato. Na época que terminou, o Benfica tinha 11 jogadores emprestados a clubes da I Liga. O Sporting tinha 10 e o FC Porto tinha cinco.

A investigação, com o nome de código Mala Ciao, inclui suspeitas de corrupção tanto activa como passiva, oferta e recebimento indevido de vantagem e tráfico de influência, especifica uma nota da Procuradoria-Geral Distrital (PGD) do Porto. Deste rol de crimes, previstos no regime de responsabilidade penal por comportamentos antidesportivos, a corrupção passiva é o que apresenta uma moldura mais pesada. É um ilícito punido com pena de prisão que pode chegar aos oito anos.

Mas desde a última revisão daquela lei, em Maio de 2017, que existe um novo crime chamado “oferta ou recebimento indevido de vantagem” que pune com pena de prisão até cinco anos a aceitação de vantagens por parte de um agente desportivo mesmo que esta não esteja associada a um particular acto ou omissão.

A PGD do Porto dá conta da "realização de 14 buscas domiciliárias e dez não domiciliárias, quatro das quais a sociedades desportivas", no âmbito de um inquérito que corre no Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto. As buscas decorreram nas comarcas de Viana do Castelo,  Braga, Bragança,  Porto, Porto Este, Lisboa e Setúbal, acrescenta a nota.

Na operação não foram constituídos arguidos, já que o objectivo das buscas era apenas a recolha de elementos de prova.

Esta foi a segunda vez que a Polícia Judiciária realizou buscas às instalações do Benfica este mês, tendo nos últimos meses visitado o clube da Luz em outras três situações distintas. As últimas realizadas no início deste mês foram feitas no âmbito de um inquérito que investiga branqueamento de capitais e fraude fiscal. Além deste, há pelo menos outros três inquéritos-crime que envolvem o Benfica a correr na Justiça portuguesa, sendo um deles, conhecido como o caso dos emails, uma mega investigação que agregou outros processos. Nos últimos meses, pelo menos três altos responsáveis do Benfica foram constituídos arguidos no âmbito destas investigações, um rol que inclui o próprio presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o seu vice-presidente Fernando Tavares. O assessor jurídico do clube, Paulo Gonçalves, é arguido em dois inquéritos diferentes, o dos emails e o E-Toupeira.

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