Seleccionador islandês: “Nunca tivemos guerra com ninguém, não há como não gostar de nós”

Heimir Hallgrimsson garante: “Nunca deixarei de ser dentista”

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Com união, os islandeses querem contrariar a Argentina de Messi LUSA/FELIPE TRUEBA

A estreia absoluta da selecção islandesa num Campeonato do Mundo está marcada para sábado e o adversário é nem mais nem menos do que a Argentina de Lionel Messi (14h, RTP1 e SIC). Com a excepção dos argentinos, há adeptos de todo o mundo que não resistem ao charme da Islândia, a nação menos populosa a ter chegado à fase final do Mundial.

“As pessoas gostam que um país com tão pouca gente como o nosso esteja no Campeonato do Mundo”, admitiu o seleccionador Heimir Hallgrimsson, numa conferência de imprensa lotada com cerca de 300 repórteres. A histórica tranquilidade dos islandeses é um ponto a favor: “Nunca atacámos ninguém, nunca andámos em guerra com ninguém, só tivemos a ‘Guerra do Bacalhau’ e ninguém se magoou”, acrescentou o técnico, referindo-se à disputa entre Islândia e Reino Unido que durou entre 1958 e 1976. “Não há como não gostar de nós”, concluiu Hallgrimsson.

O percurso da selecção islandesa até aos quartos-de-final do Euro 2016, que inclui triunfos contra Áustria e Inglaterra, atraiu os olhos do mundo. A partida de sábado contra a Argentina será um teste ainda maior. “É o jogo mais importante na história do futebol islandês”, admitiu Hallgrimsson, que mesmo assim não irá desviar-se do seu percurso profissional: “Continuo a ser dentista e nunca deixarei de sê-lo.”

“Nos últimos quatro anos a nossa equipa tem-se mantido muito estável. Estamos em 20.º no ranking da FIFA, ganhámos o nosso grupo de qualificação para o Mundial, e merecemos estar aqui. Não vejo o facto de estarmos no Campeonato do Mundo como um milagre”, vincou Heimir Hallgrimsson. “É o resultado do bom trabalho da nossa federação, das equipas técnicas e especialmente dos jogadores. Trata-se de ter consciência das nossas forças e fraquezas. Jogamos um estilo de futebol diferente, mas mostrámos que, mantendo-nos unidos, tudo é possível. Se alguém está surpreendido, é porque não sabe muito sobre a Islândia”, acrescentou.

Colocados no Grupo D do Mundial 2018, que inclui Argentina, Croácia e Nigéria, os islandeses estreiam-se precisamente contra os sul-americanos. Lionel Messi, claro, é o maior desafio para a equipa, admitiu Hallgrimsson: “Todos tentam anulá-lo, mas ele consegue sempre marcar. Vamos tentar em conjunto, ajudar-nos mutuamente e fazê-lo como equipa. Seria injusto designar alguém em particular para fazer a marcação ao Messi.”

“Podemos fazer o melhor jogo das nossas vidas e perder na mesma... essa é a realidade”, sintetizou Hallgrimsson. Mas a estreia histórica e o charme planetário já ninguém tira à Islândia.

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