Salah enfrenta os experientes uruguaios
Com a sua “estrela” disponível, o Egipto pode olhar com maior optimismo para o jogo desta sexta-feira frente à equipa de Cavani e Suárez.
Quando Mohamed Salah caiu por terra embrulhado com Sergio Ramos na Liga dos Campeões, não foram só os adeptos do Liverpool que ficaram de cabeça baixa. Todo um país, o Egipto, entrou em pânico perante a perspectiva de não ter a sua maior “estrela”, ao ponto de um advogado egípcio ter avançado com um processo contra o capitão do Real Madrid no valor de um milhão de euros. Passaram menos de três semanas sobre a final de Kiev e esse processo não deverá avançar. Héctor Cúper dá uma certeza quase nos 100% sobre a disponibilidade de Mo Salah e o Egipto vai estar mais optimista para o jogo desta sexta-feira, em Ecaterimburgo, frente ao Uruguai, a contar para a primeira jornada do Grupo A.
Salah não podia mesmo faltar a este jogo, no dia em que o avançado do Liverpool faz 26 anos, por tudo o que significa para a sua selecção e para o seu país. E o Mundial só tem a ganhar com a presença daquele que é um dos melhores jogadores da actualidade, vindo de uma época brilhante ao serviço do Liverpool (ofuscada pela lesão em Kiev) e apontado como um futuro candidato aos prémios que têm sido divididos na última época entre Messi e Ronaldo.
Mas Salah só irá jogar se quiser, refere Cúper, o experiente argentino que está no banco do Egipto. “Estamos a tentar que ele se sinta confiante. Os médicos estão a dar-lhe a opção de jogar, ou não. Conheço-o bem, sei que ele não tem medo, mas sabemos que corremos sempre um risco quando vamos a jogo. Se decidir jogar, tem todas as garantias físicas. Se acontecer alguma coisa à última da hora, veremos.”
Nunca as duas selecções se encontraram em Mundiais, até porque o Egipto é uma presença pouco habitual no torneio – duas presenças, a última das quais em 1990, onde não passou da fase de grupos -, havendo apenas o registo de um particular que os sul-americanos ganharam por 2-0. Ou seja, a experiência da selecção africana em grandes torneios está, sobretudo, na Taça das Nações Africanas, em que é o recordista de títulos, enquanto os uruguaios, bicampeões mundiais (1930 e 1950) vão para a 12.ª presença (terceira consecutiva), com quatro jogadores acima das 100 internacionalizações e dois que andam lá perto.
E a rodagem dos uruguaios em grandes campeonatos é bastante maior que a dos egípcios. Ao nível de Salah, está apenas o médio do Arsenal Mohamed Elneny, enquanto oito jogam no campeonato egípcio (incluindo o guarda-redes Essam El-Hadary, que se irá tornar no jogador mais velho da história do Mundial, e Shikabala, um dos grandes flops da história recente do Sporting), e quatro jogam na Arábia Saudita.
Pelo contrário, o Uruguai, que tem o mesmo treinador desde 2006 (Óscar Tabárez), tem muita gente em Espanha, Itália, França e Portugal (Maxi Pereira e Coates), um grupo em que se destacam dois nomes acima de todos os outros, Edison Cavani e Luis Suárez, com 93 golos marcados entre os dois em jogos pela selecção. Poucas selecções neste Mundial terão o poder de fogo do Uruguai, mas nenhuma terá um jogador que arrancou parte da orelha de um adversário à dentada. Foi o que fez o avançado do Barcelona ao italiano Chiellini há quatro anos, mas Tabárez garante que tal não se vai repetir: “O Luis amadureceu muito nestes últimos quatro anos. É um jogador inteligente e está mentalmente preparado.”