Hospitais da Amadora, Faro e Almada lideraram reclamações em 2017

No sector privado, os hospitais da Luz e da CUF Descobertas, em Lisboa, foram os que concentraram mais queixas, revela a Entidade Reguladora da Saúde, que divulgou dados do ano passado em bruto.

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Hospital Amadora-Sintra Rui Gaudêncio

Já se sabia que a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recebeu mais reclamações contra hospitais e outros estabelecimentos em 2017 do que no ano anterior. Foram cerca de 70 mil no total, 192 queixas por dia em média, mais 18,4% do que em 2016. 

Num relatório com a síntese descritiva das reclamações divulgado nesta quinta-feira, a reguladora revela, porém, dados específicos, ainda que em bruto, sem levar em conta a dimensão das unidades, e nomeia os hospitais que foram alvo de mais críticas por parte dos utentes em 2017.

Nas unidades públicas com internamento, em primeiro lugar surge o hospital de Amadora-Sintra (Fernando da Fonseca), com 2185 queixas, e a seguir o de Faro, com 1940, e o de Almada (Garcia de Orta), com 1710 reclamações.  

Mas atenção: estes dados devem ser olhados com cautela, avisa a ERS, porque resultam do volume bruto de processos sem qualquer ponderação, tendo em conta a produção, dimensão ou população-alvo de cada um dos estabelecimentos.

Quanto aos privados com internamento, destacam-se, pela negativa, os hospitais da Luz, com 1149 críticas, o CUF Descobertas, com 999, e o dos Lusíadas, com 678, todos em Lisboa, refere o relatório.

Olhando para os hospitais geridos em parceria público-privada (PPP), o que lidera é o de Braga, o de maior dimensão, em número de camas e utentes (e que foi alvo de 1442 queixas), seguido do de Loures (1370), e dos de Vila Franca de Xira (1091) e de Cascais (1013).

No sector social, é o Hospital da Cruz Vermelha (Lisboa) que surge à cabeça, com 105 queixas. Relativamente aos cuidados de saúde primários, as mais visadas são unidades de saúde de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve.

Globalmente, os procedimentos administrativos, os tempos de espera e a falta de atenção , nomedamente de “delicadeza" e "urbanidade do pessoal clínico” são os principais motivos invocados para as críticas.

Mas os utentes dos serviços também fizeram elogios no ano passado, 8948 no total, ligeiramente menos do que no ano anterior (9438), e essencialmente aos profissionais (29,2%) e aos cuidados prestados (22,6%). 

O número de processos que chegam à ERS tem vindo a aumentar de uma forma relevante nos últimos anos, até porque, a partir de 2016, passou a concentrar todas as reclamações do sector público, social e privado. O aumento das queixas também poderá ser atribuído à turbulência que se vive no sector da Saúde: no ano passado, o Serviço Nacional de Saúde esteve sujeito a grande pressão, com a multiplicação de greves convocadas por vários grupos profissionais. E, este ano, a contestação prossegue. 

No relatório de actividades que entregou no Parlamento em Maio, a ERS notava que uma parte significativa dos processos terminados no ano passado não precisou de uma intervenção adicional. Apenas em 3,8% das situações a análise continuou, através de novos processos de avaliação, de inquéritos ou de acções de fiscalização.

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