Viva a Vasco Santos!

Os livros desenhados por João Bicker não poderiam ser mais bonitos - não consigo mesmo imaginá-los mais bonitos do que são.

A melhor notícia do ano é o regresso de Vasco Santos e João Bicker à edição. Pensávamos nós que a saudosa editora Fenda tinha morrido sem deixar descendentes quando de repente, sem aviso ou fanfarra, o Vasco Santos arranca com uma nova editora. Uma nova editora chamada VS.!

Os livros desenhados por João Bicker não poderiam ser mais bonitos - não consigo mesmo imaginá-los mais bonitos do que são. Têm aquela elegância intensa a que nos habituou mas vão mais longe: são livros muito bem feitos (impressos na Tipografia Europress em Lisboa) com uma fluência e uma robustez extraordinárias. Não se resiste a manuseá-los, a folheá-los depressa, a enchê-los de apontamentos. Não parecem livros portugueses. Parecem livros alemães publicados por uma editora antiga e rica e estimada. Quem diria que são publicados por amor por uma só pessoa? Ninguém.

São dois livros. Um foi um dos maiores êxitos da Fenda e estava esgotadíssimo: é o famoso A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer de Stig Dagerman. É curto mas é feito para reler.

Feito para reler e gordo é o outro livro, Aforismos de Karl Kraus. Reune as obras-primas de um génio da literatura. É uma provocação monumental que nos acorda, ataca, ilumina, desmancha e levanta do chão. Os aforismos de Kraus desafiam-nos a fazer deles o que não queríamos ler e o que preferíamos não pensar. A tradução atenta é de Lumir Nahodil.

Aforismos é um daqueles livros como a Lírica de Camões sem os quais não se consegue viver bem. Ou mal.

 

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