Marco Cecchinato, intruso por mérito próprio

O tenista italiano está a surpreender em Roland Garros.

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Marco Cecchinato LUSA/IAN LANGSDON

Até meados de Abril, Marco Cecchinato ainda não tinha conseguido ganhar um encontro no circuito principal na presente época. O italiano ia alternando torneios do circuito secundário – obteve o quinto troféu challenger – e qualifyings do ATP World Tour, até que entrou no quadro principal de Monte Carlo, onde venceu a primeira ronda. Na semana seguinte, voltou a perder no qualifying de Budapeste, mas foi repescado. E uma semana depois, o tenista que tem no seu pulso tatuado um 13 (número da sorte em Itália), fez jus ao estatuto de lucky loser e saiu da Hungria com o seu primeiro título ATP. Mas poucos adivinhariam que, um mês mais tarde, Cecchinato estivesse entre os oito quarto-finalistas de Roland Garros.

Chegado a Paris no 72.º lugar do ranking e sem vitórias em torneios do Grand Slam, o siciliano aproveitou o sorteio para ultrapassar dois adversários classificados atrás de si no ranking mundial, mas teve de recuperar de 0-2 em sets para vencer Marius Copil na ronda inicial. Só que frente a Pablo Carreño Busta (11.º) e, neste domingo, diante de David Goffin (9.º), Cecchinato mostrou a qualidade do seu ténis. “Elevei o nível; antes tinha altos e baixos. O jogo com Copil, em que recuperei de 0-2 foi importante, deu-me muita confiança", disse, após eliminar o belga, por 7-5, 4-6, 6-0 e 6-3.

No seu Instagram, Cecchinato partilhou fotos com Novak Djokovic, com quem já se treinou algumas vezes. Amanhã, o segundo italiano desde 1998 a atingir um quarto-de-final num Grand Slam – imitando Fabio Fognini, em 2011 – vai defrontar o campeão de 2016 pela primeira vez. “É o melhor momento da minha vida, é um sonho. Goffin é um dos melhores jogadores do mundo. Tudo é incrível para mim”, confessou.

Djokovic sentiu dificuldades para se adiantar para 2-1, frente a Fernando Verdasco (35.º), ao fim de 25 minutos. Mas duas horas depois, celebrou a vitória, por 6-3, 6-4 e 6-2, sobre o espanhol, que acumulou 48 erros não forçados.

Mais aguardado é o embate entre Alexander Zverev e Dominic Thiem, já que são apontados como os dois maiores obstáculos à conquista de um 11.º título em Roland Garros por Rafael Nadal. Se um ainda está a bater recordes pessoais nos torneios do Grand Slam, outro chega a Paris com o carimbo de ser o único a ter derrotado Nadal na terra batida nos últimos 13 meses. E por duas vezes.

Tal como no ano passado, Thiem venceu Nadal num dos torneios da época europeia de terra batida que antecedem Roland Garros. Depois de Roma, em 2017, foi em Madrid que o austríaco de 24 anos se impôs ao número um do ranking; resultados que o colocaram na primeira linha da restrita lista de rivais para este torneio.

Semifinalista nas duas últimas edições, Thiem passou aos quartos-de-final após vencer Kei Nishikori, por 6-2, 6-0, 5-7 e 6-4. “Estava a jogar muito, muito bem no início, comecei muito bem, não o deixei respirar. Penso que ele elevou o nível no terceiro e quarto sets, mas estou contente com a forma como correu”, disse o número oito do ranking e primeiro austríaco a disputar três quartos-de-final num Grand Slam desde Thomas Muster, campeão em Paris em 1995.

Nishikori (21.º no ranking), ainda a recuperar a melhor forma após a lesão no pulso direito que o afastou do circuito durante seis meses, só dispôs de um único break-point, aquele que lhe permitiu fechar o terceiro set. E ao fim de duas horas e meia, Thiem elevou para 33 o número de encontros ganhos em 2018.

Três anos mais novo, Alexander Zverev é o único a somar mais vitórias este ano que o austríaco. A 34.ª aconteceu ontem diante do russo Karen Khachanov (38.º), depois de, pelo terceiro encontro consecutivo, ter recuperado de 1-2 em sets: 4-6, 7-6 (7/4), 2-6, 6-3 e 6-3. O alemão, que tinha contra si o facto de nunca ter ultrapassado os "oitavos" num major, o que era ligado à falta de consistência física e mental, tornou-se no mais jovem quarto-finalista em Roland Garros, desde Juan Martin del Potro, em 2009. “Estou muito feliz por estar nos ‘quartos’, da maneira mais difícil, mostrando a mim e a todos que consigo jogar durante o tempo que for preciso”, frisou.

No duelo entre os únicos tenistas (para além de Nadal) a conquistarem mais que um título em terra batida este ano, Thiem parte favorito, pois já venceu este adversário por quatro vezes. Mas Zverev obteve a segunda vitória sobre o austríaco há poucas semanas, na final do Masters 1000 de Madrid. “Vai ser muito difícil, ele vai estar muito motivado, é o seu primeiro quarto-de-final. Espero ser o mais experiente neste”, adiantou Thiem.

Nos quartos femininos, Madison Keys vai defrontar Yulia Putintseva e Sloane Stephens espera pela conclusão do confronto entre Daria Kasatkina e Caroline Wozniacki, interrompido por falta de luz, quando resultado (7-6, 3-3) era favorável à primeira.

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