A (falsa) questão da posição seis

Fernando Santos desvalorizou o impacto da ausência de Danilo no meio-campo defensivo.

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Reuters/Lee Smith

Sem a possibilidade de convocar Danilo, Fernando Santos ficou reduzido a William Carvalho se olharmos para jogadores rotinados no desempenho da posição seis, ou seja, jogadores que ocupam o espaço à frente dos centrais, no meio--campo defensivo. Fernando Santos relativizou nesta quinta-feira a questão, aludindo ao modelo e ao sistema que Portugal habitualmente utiliza, mas há um elemento que poderá ter perdido o avião para a Rússia devido à prioridade dada ao equilíbrio defensivo.

Falamos de Rúben Neves, que foi nomeado para o prémio de melhor jogador do Championship, graças à época excepcional que realizou ao serviço do Wolverhampton. O seleccionador, que reconhece a grande qualidade de passe e a visão de jogo do médio ex-FC Porto, para além do remate de meia distância, optou por um elemento de características distintas: Manuel Fernandes tem, a seu favor, uma maior capacidade de trabalho no momento da recuperação da bola e uma ocupação mais racional dos espaços na altura de a recuperar. E este perfil (a que se junta o facto de actuar num clube russo) terá contribuído para a escolha.

“Depende do que é o seis e o oito”, comentou o técnico a propósito do tema. “Não é normal Portugal usar um seis, não é a sua raiz-base. E não foi a jogar com um seis que Portugal se sagrou campeão europeu e fez a qualificação para o Mundial. Os outros jogadores dão garantias absolutas de poderem fazer a posição seis, se for essa a opção em alguns jogos”, acrescentou.

Desde que Fernando Santos tomou conta da selecção, Portugal tem alternado essencialmente entre dois sistemas, o 4x4x2 e o 4x3x3, mas a verdade é que o elemento que ocupa a posição mais baixa do meio-campo vai, muitas vezes, alternando com os colegas no processo de construção. E não é incomum formar-se um duplo pivot que abre duas vias para a saída de bola na primeira fase, algo que é facilitado pela qualidade dos protagonistas.

Seja qual for a opção técnica, nesse sector Portugal parece particularmente bem servido, já que os próprios Adrien Silva e Bruno Fernandes estão habituados a partir, com elevada frequência, de posições mais baixas em acções de condução. 

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