O risco da despromoção volta a assolar o Hamburgo

Clube participa na Bundesliga desde a primeira edição, em 1963. Uma vitória hoje poderá não ser suficiente.

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Clube histórico tenta permanecer na elite do futebol germânico LUSA/RONALD WITTEK

Os adeptos do Hamburgo agarram-se a uma réstia de esperança e acreditam que o “dinossauro” do futebol germânico ainda pode impedir a descida de divisão. Para evitar — ou adiar — a despromoção, o Hamburgo, penúltimo classificado da Bundesliga, com 38 pontos, tem, obrigatoriamente, de vencer hoje o derradeiro encontro da competição frente ao nono classificado, Borussia Mönchengladbach. Mesmo cumprindo o seu papel, terá de esperar que o Wolfsburgo, uma posição acima com mais dois pontos, perca em casa com o Colónia, “lanterna vermelha”.

Se se verificar esta combinação de resultados, o Hamburgo trocará de lugar com o Wolfsburgo e terá hipótese de disputar um play-off a duas mãos com o terceiro classificado da segunda divisão alemã. Quem vencer a eliminatória terá uma vaga na Bundesliga e o derrotado fará parte do segundo escalão na época 2018-19. Na prática, mesmo que consiga evitar hoje a descida, o Hamburgo não estará (ainda) a salvo da relegação.   

Devido à crise de resultados do clube nos últimos anos, o Hamburgo já não é estranho a este formato de eliminação. Nas últimas quatro épocas, teve de se socorrer deste play-off por duas vezes para evitar a inédita descida que pode, muito provavelmente, verificar-se esta temporada.

Relógio pode ser reiniciado 

No Volksparkstadion, reduto da equipa germânica, situa-se um relógio que conta os anos, meses, horas e segundos desde que o Hamburgo deu o primeiro toque na bola a contar para a Bundesliga, há 54 anos. O seu avançar ininterrupto pode, hoje, ser interrompido e reiniciado, caso se confirme a descida de divisão do “dinossauro” alemão.

Para termos noção de há quanto tempo este relógio se encontra em funcionamento bastará dizer que, quando foi iniciado, o “todo-poderoso” Bayern de Munique ainda era um clube da II divisão, praticamente sem títulos e a anos-luz do destaque mediático que hoje recebe. Três troféus de campeão nacional, um título de campeão europeu, uma Taça das Taças e uma Taça da Alemanha é o palmarés que, ao longo destes 54 anos, a equipa de Hamburgo construiu.

Os fãs do clube têm tecido duras críticas aos jogadores e equipa técnica, pelos resultados ao longo da época. Em Março, após uma goleada sofrida frente ao Bayern no Allianz Arena, por 6-0, os adeptos mais radicais do Hamburgo invadiram o centro de treinos e colocaram 11 cruzes sobre o relvado, acompanhadas por uma tarja: “Chegou a vossa hora, não vão conseguir escapar”, podia ler-se.

Apesar do incidente, o clube pede total apoio aos sócios no jogo decisivo desta tarde (14h30), em casa. “Estamos dois pontos atrás [do Wolsfburgo]. Temos hipótese de vencer o jogo no nosso estádio com a força dos nossos adeptos”, sublinhou Christian Titz, treinador do Hamburgo, citado pela agência Reuters.

O emblema germânico, que nesta época registou uma média de 50 mil espectadores, anunciou que iria abrir as sessões de treino para que a ligação entre os jogadores e massa associativa fosse fortalecida. No último treino, inclusive, os atletas distribuíram gelados pelos adeptos, como forma de agradecerem o apoio.

Hoje, o estádio deverá voltar a encher, naquele que pode ser o jogo mais importante da história do Hamburgo. Faltará saber como reagirão os adeptos após o apito final, em caso de novo desaire: permanecerão ao lado da equipa, ou voltarão a elevar o tom das críticas?

Texto editado por Nuno Sousa

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