Rodin meets Fídias em Londres

British Museum põe em diálogo 80 obras do autor de O Pensador e os frisos do Parthenon de Atenas que se encontram na sua colecção. De 26 de Abril a 29 de Julho.

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Se a relação mais próxima que se estabelece de Rodin com os seus antecessores é com o italiano Miguel Ângelo, o British Museum mostrar que existe uma outra linhagem: Fídias, o escultor grego British Museum/Museu Rodin

A primeira visita que Auguste Rodin (1840-1917) fez a Londres aconteceu apenas em 1881, mas nas repetidas deslocações que depois realizou à capital britânica o escultor francês passava horas e horas a desenhar pormenores dos frisos do Parthenon de Atenas no British Museum.

O museu londrino lembra este facto a pretexto da inauguração, esta quinta-feira, de mais uma exposição-acontecimento nas suas salas, Rodin e a Arte da Grécia Antiga, que aí vai poder ser visitada até 29 de Julho.

Se a relação mais próxima que costuma estabelecer-se de Rodin – o celebrado criador da escultura moderna – com os seus antecessores é com o italiano Miguel Ângelo, o British Museum vem agora mostrar que existe uma outra linhagem, talvez não tão imediatamente identificável, com outro nome grande da história mundial da arte e da escultura: Fídias (ca. 480 a.C:-ca. 430 a.C.), o artista grego a quem é atribuído o desenho das figuras que compõem os frisos do monumento-ícone da Acrópole ateniense.

“Ambos os artistas foram os escultores mais famosos do seu tempo. Apesar de terem vivido separados vários séculos, Rodin escreveu e criou como se tivesse conhecido Fídias pessoalmente. Vendo a sua mão em acção nas esculturas do Parthenon, Rodin imaginou Fídias como um amigo e professor que guiou a sua própria mão enquanto criava novas representações da figura humana”, pode ler-se no site do British Museum a apresentar a nova exposição. E aí se acrescenta mesmo uma citação de 1911 do autor de O Pensador (1904) sobre o seu admirado antepassado: “Nenhum artista jamais ultrapassará Fídias (…), o maior dos escultores, que viveu numa época em que todo o sonho humano poderia estar contido no frontão de um templo, e que nunca será igualado”.

A documentar esta filiação, o British Museum alinha na sua Galeria Sainsbury 80 das obras de Rodin – em gesso, em mármore e em bronze –, e também muitos dos seus desenhos, ao lado dos frisos do Parthenon que a instituição inglesa tem na sua colecção. Aí não faltam algumas das obras mais famosas do escultor francês, como O Pensador (1904), O Beijo (1898) ou A Idade do Bronze (1897). Mas também criações como O homem que anda (L’homme qui marche, 1907), um corpo sem cabeça nem braços, uma das várias criações com que Rodin quis aproximar-se da expressividade que a passagem do tempo (as intempéries e a acção do homem) modelou em diversas figuras do friso do templo grego, como que “libertando-as” da individualidade e tornando-as arquétipos da própria forma humana.

A acompanhar a exposição Rodin e a Arte da Grécia Antiga, o Brittish Museum edita um catálogo, da responsabilidade dos dois curadores da casa – Ian Jenkins e Celeste Farge – e de Bénédicte Garnier, do Museu Rodin em Paris, co-produtor da mostra.

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