França cria alternativa ao WhatsApp para evitar espionagem

Governo não quer estar dependente de serviços privados e com origem noutros países.

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A equipa de Emmanuel Macron vai ter de deixar a aplicação russa Telegram Reuters/Pool New

O Governo francês está a desenvolver um serviço nacional de mensagens cifradas, para proteger as conversas privadas entre oficiais de topo. No futuro, deverá ser utilizada por todos os cidadãos, com o objectivo de evitar espionagem.

A informação foi confirmada esta segunda-feira pelo Ministério para os Assuntos Digitais, depois de ser sugerida pelo secretário de estado francês Mounir Mahjoubi, numa entrevista à rádio FranceInter na semana passada. 

A França, disse Mahjoubi, não pode “depender de ofertas privadas”, nem de serviços de mensagens estrangeiros, como o Telegram (de origem russa), o WhatsApp ou o Messenger (que pertencem ao Facebook).

“Temos de encontrar uma maneira de ter um serviço de mensagens cifradas, que não sejam cifradas pelos Estados Unidos ou pela Rússia”, esclareceu uma porta-voz do ministério à agência Reuters esta segunda-feira. “Começámos a pensar nas potenciais falhas que podem acontecer, como vimos com o Facebook, e decidimos tomar a iniciativa.” 

Até há pouco tempo, a forma de comunicação dominante no Governo de Emmanuel Macron era o Telegram, um serviço de mensagens de origem russa que tem os seus escritórios no Dubai. Foi escolhido por ser um serviço de mensagens cifradas: depois de enviadas, os bits que compõem as mensagens são reorganizados para que ninguém sem uma chave de cifra específica (que pode ser uma senha ou um ficheiro digital) as consiga ler. Foi criado em 2013 por Pavel Durov, um russo exilado numa ilha das Caraíbas. A semana passada, depois de meses de pressão, a aplicação foi bloqueada na Rússia, devido à recusa de Durov de partilhar dados sobre os seus utilizadores com os serviços secretos russos.

Em França, as comunicações ministeriais via email já são cifradas e passam pela ANSSI (Agência Nacional de Segurança de Sistemas de Informação). A nova aplicação deve apenas garantir uma camada extra de protecção. 

Para já, o Ministério para os Assuntos Digitais não avança o nome da nova aplicação francesa. Sabe-se apenas que há 20 trabalhadores do Governo francês a testar o serviço. No Verão, todas as comunicações formais já devem ser feitas através desse serviço que, a longo prazo, deve passar a estar disponível a todos os franceses.

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