Rogério Alves à espera de ser convencido para avançar

O nome do advogado é um nome forte entre vários sportinguistas para estar na primeira linha da sucessão a Bruno de Carvalho se este se demitir.

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A oposição interna a Bruno de Carvalho aposta no nome do antigo bastonários dos advogados Daniel Rocha (arquivo)

A cada crise do Sporting, há sempre muitos sportinguistas a darem a sua opinião sobre o momento do clube na comunicação social, entre os adeptos anónimos e notáveis, que, com algumas variações, são sempre os mesmos – e algumas das comunidades online de adeptos “leoninos” já começam a fazer uma espécie de bingo dos notáveis que têm aparecido nos media. Mas há um conhecido adepto sportinguista que se tem mantido em silêncio nos últimos dias e que é visto por vários grupos de adeptos como a solução de unificação que o clube precisa. O advogado Rogério Alves, antigo presidente da mesa da Assembleia Geral dos “leões” e um dos tais “notáveis” com grande presença mediática, é um nome que reúne consenso e que só precisa de ser convencido. Segundo apurou o PÚBLICO, um grupo de sócios que inclui pelo menos um antigo presidente do clube irá nesta quarta-feira tentar convencer Rogério Alves a avançar para a sucessão a Bruno de Carvalho, caso o actual presidente abandone o cargo.

Apesar de ter afirmado numa entrevista ao DN/TSF, em Fevereiro passado, que não era “candidato a coisa nenhuma”, uma afirmação sustentada por na altura não haver nenhum processo eleitoral em curso, Rogério Alves tem esse desejo e há um grupo de sportinguistas conotado com o “antigo regime” em Alvalade que se vai reunir nesta quarta-feira num almoço para que o advogado se posicione numa eventual futura corrida eleitoral, considerando-o “transversal e com capacidade para curar feridas e unir o clube”.

Este grupo quer colocar Rogério Alves na primeira linha da sucessão a Bruno de Carvalho, apesar de reconhecer méritos na gestão do actual presidente. E se há cinco anos, por ocasião das eleições de 2013 que tornaram Bruno de Carvalho no 42.º presidente do clube, não estava disponível para avançar por motivos profissionais (estava a montar o seu escritório de advogados), desta vez Rogério Alves estará disponível para ouvir e, eventualmente, para avançar.

Mas isto só acontecerá num cenário de demissão sem retorno do actual presidente, e não há desejo de ninguém na oposição que se avance para uma AG extraordinária, algo que só iria contribuir para aumentar o clima de guerra civil no clube. Quanto à sua própria demissão, é algo que, para já, Bruno de Carvalho não parece estar a ponderar, pelo menos pelas últimas mensagens que publicou no Facebook antes de apagar a sua conta nesta rede social. O actual presidente irá manter-se fora do círculo mediático – até porque foi pai na segunda-feira – e não é um dado adquirido que vá estar no banco quando o Sporting defrontar nesta quinta-feira o Atlético Madrid para o jogo da segunda mão dos quartos-de-final da Liga Europa.

Antigo bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, de 57 anos, chegou a fazer parte dos órgãos sociais do Sporting na presidência de Filipe Soares Franco (foi presidente da mesa da AG) e da SAD com Soares Franco e José Eduardo Bettencourt (presidente da mesa da AG da SAD), mas nunca se posicionou como candidato a presidente. Ganhou, isso sim, presença mediática no universo sportinguista com um lugar de comentador entre 2014 e 2017 no programa O Dia Seguinte, da SIC Notícias.

Há outras conexões de Rogério Alves ao universo sportinguista. Um dos seus sócios no escritório de advogados é João Pedro Varandas, vogal do Conselho Directivo do Sporting entre 2011 e 2013 e irmão de Frederico Varandas, actual director clínico dos “leões”. Outra conexão é a de ser advogado de Álvaro Sobrinho, presidente da Holdimo, que é o maior accionista da SAD “leonina” depois do próprio clube.

Figo não avança

Rogério Alves é, assim, o nome mais forte que aparece para um futuro acto eleitoral no Sporting. Luís Figo era um nome avançado por alguns jornais como o preferido da Holdimo, que detém quase 30% da SAD “leonina”, para a sucessão, mas o antigo internacional português formado no clube de Alvalade veio nesta terça-feira a público negar qualquer tipo de ambição em ser presidente do Sporting. As notícias sobre essa possibilidade, diz Figo, "não têm qualquer fundamento". "É triste que na situação actual lancem notícias possivelmente com terceiras intenções. A equipa do Sporting necessita neste momento de tranquilidade, paz e confiança", afirmou Figo, em comunicado.

O único que, para já, se assumiu como candidato numa eventual eleição é Bruno Conceição, sobrinho-neto de José Travassos, um dos famosos “Cinco Violinos”. “Não é uma candidatura contra Bruno de Carvalho, mas sim a favor do Sporting. Há formas estatutárias de convocar eleições, mas, depois da birra que todos suportámos e aturámos na Assembleia Geral, seria digno que o senhor presidente viesse a público e convocasse eleições no Sporting”, disse, há poucos dias, à CMTV. Depois, é provável que antigos candidatos também estejam a pensar em avançar, como Pedro Madeira Rodrigues ou Carlos Severino, ambos derrotados por Bruno de Carvalho em eleições anteriores, e ambos com reduzida percentagem de votos. Paulo Lopo, presidente da SAD do Leixões, é outro dos nomes falados, mas recusa, para já, avançar.

Não havendo um pedido de demissão de Bruno de Carvalho, a solução alternativa para quem quer a saída do actual presidente é a convocação de uma AG extraordinária por parte do presidente da mesa da AG (Jaime Marte Soares) para se votar a destituição dos titulares dos órgãos sociais do clube. Pode acontecer por iniciativa de qualquer um dos órgãos sociais (mesa da AG, Conselho Directivo e Conselho Fiscal e Disciplinar) ou por requerimento de sócios (com um mínimo de mil votos).

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