SAD diz que AG pode colocar estabilidade financeira em causa

Em comunicado à CMVM, sociedade "leonina" diz que vai pedir o prolongamento do prazo para reembolso do empréstimo obrigacionista de 2015.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Bruno de Carvalho continua em silêncio, mas a SAD do Sporting comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que, tanto a realização de uma assembleia geral (AG) dos accionistas da sociedade (como pediu a Holdimo), como uma AG dos sócios “leoninos” para a destituição dos órgãos sociais do clube podem colocar em causa a estabilidade financeira do Sporting por prejudicarem o processo de uma nova emissão obrigacionista de 30 milhões de euros do clube e que estava prevista decorrer em Maio próximo.

Segundo a SAD “leonina”, que também é presidida por Bruno de Carvalho, ambas as reuniões magnas impediriam “a concretização atempada da nova oferta obrigacionista, desta forma colocando em causa os fins da mesma, concretamente o reembolso da actual emissão e, consequentemente, a estabilidade financeira da Sporting SAD”. Ou seja, a SAD “leonina” não poderia financiar o reembolso do empréstimo obrigacionista emitido em 2015 com a nova emissão, para além de dizer que poderão ficar comprometidas outras operações de tesouraria da sociedade.

No comunicado em que fala do sucesso que foi a reestruturação financeira com Bruno de Carvalho, a SAD “leonina” refere ainda que a actual crise já teve como consequência a necessidade de solicitar uma AG de obrigacionistas para deliberar sobre o prolongamento do prazo de reembolso das obrigações por mais seis meses, até Novembro de 2018, “de modo a minimizar o impacto negativo para a Sporting SAD das posições públicas de terceiros, pelo atraso e consequências susceptíveis de provocar na nova emissão”. Em Maio de 2015, mais de quatro mil investidores subscreveram estas obrigações numa operação que, na altura, foi descrita como o empréstimo obrigacionista com maior procura da história da SAD “leonina”.

Esta posição da SAD “leonina” surge depois de a Holdimo, o segundo maior accionista da sociedade depois do clube (tem cerca de 30%), ter vindo a público na segunda-feira solicitar uma AG de accionistas. Em comunicado, a empresa liderada por Álvaro Sobrinho considera necessário "debater e resolver os problemas internos" do clube em sede de uma assembleia geral e fundamenta a sua decisão, entre outras razões, com as consequências financeiras e com o "com potencial prejuízo" da actual clivagem no clube "para os activos da sociedade".

"As acções da Sporting SAD estão suspensas da negociação bolsista, pela segunda sessão consecutiva, em consequência de quebras de cotação superiores a 30%", começa por apontar. Depois, a Holdimo considera que "o debate público sobre questões internas tem contribuído para uma exposição" que é "absolutamente dispensável e atentatória da melhor tradição da marca Sporting, com potencial prejuízo para os activos da sociedade". "Os direitos económicos e desportivos fazem parte do activo da Sporting SAD, é urgente encontrar soluções que nos recoloquem no caminho da valorização destes activos", pode ler-se ainda no comunicado.

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