Eduardo Barroso: Bruno de Carvalho “está em burnout” e “tem de acalmar”

O antigo presidente da Mesa da Assembleia-Geral acusou ainda os adversários do presidente de estarem a aproveitar o momento para um linchamento.

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Bruno de Carvalho LUSA/INÂCIO ROSA

Eduardo Barroso, antigo presidente da Mesa da Assembleia-Geral (AG) do Sporting e destacado sócio do clube, falou nesta segunda-feira à SIC Notícias sobre a polémica que envolve Bruno de Carvalho e considera que o líder “leonino” está “em burnout, num stress brutal”. O sportinguista considera que o clube está imerso num “problema criado pelo nosso presidente”, com o qual não está de acordo.

“Eu penso exactamente aquilo. Mas um presidente não devia ter feito aquilo. Fez mal”, considerou Barroso, sobre a decisão de suspender os jogadores que subscreveram a tomada de posição do plantel “leonino”, após as críticas de Bruno de Carvalho geradas depois do encontro com o Atlético de Madrid.

“Como já tinham feito mal os jogadores, que tinham combinado uma reunião para domingo para esclarecer aquilo e fizeram antes o comunicado. Eu adoro os nossos jogadores. Adoro o Coentrão, adoro o Gelson, adoro o Patrício. Adoro também o Jesus. Mas o Bruno de Carvalho está legitimado”, acrescentou.

Para Eduardo Barroso, a legitimidade de Bruno de Carvalho foi provada na última eleição da Assembleia Geral do Sporting e a única fragilidade do presidente era o seu Facebook, conta que Bruno de Carvalho apagou nesta segunda-feira. “Ele disse-me há horas que ia acabar com o Facebook para sempre. Disse-me que era definitivo e essa é condição fundamental para continuar a ser presidente do Sporting Clube de Portugal. Já não há mais Facebook.

O sócio do Sporting aponta ainda o que diz ser o aproveitamento dos adversários de Bruno de Carvalho. “Repugna-me que quem não tenha ganho eleições aproveite este erro para o linchar, para querer bani-lo. Mas quem são eles? Ele perdeu seguramente muitos apoiantes, mas milhares ainda acham que ele tem condições”, atirou. "Não vão conseguir ganhar eleições nenhumas a seguir, porque não se passa de 10% para uma maioria só por Bruno de Carvalho ter metido a 'pata na poça'".

Para Eduardo Barroso, o presidente “não tem que ter relações com os jogadores”, mas considera essencial que as partes se entendam e acabem “a guerra”.

O Bruno de Carvalho caiu. Teve tudo na mão. Mas não ponham mais achas na fogueira”, disse. “O presidente da Assembleia-Geral [Jaime Marta Soares] foi de uma ingratidão que ofende”, considera, sobre as críticas de Marta Soares, que exige a demissão de Bruno de Carvalho.  “Ele [Bruno de Carvalho] tem agora uma licença de paternidade. Que acalme. Isto depois resolve-se”, concluiu.

Já à Lusa, Eduardo Barroso afirmou considerar as declarações de Marta Soares uma "traição" ao líder do clube, mas diz não ter ficado surpreendido. Diz que Marta Soares "devia ter vergonha na cara" e limitar-se a cumprir os estatutos do clube.

"Acho essa afirmação um absurdo total. Nem compete ao presidente da Assembleia Geral julgar se o presidente deve ou não deve continuar na presidência. São declarações de alguém a quem subiu à cabeça o ser presidente da Assembleia Geral. A opinião dele conta tanto como a de qualquer outro sócio. Até me cheiram a traição, impressionam-me pela falta de lealdade e gratidão", disse.

"Da parte do [Jaime] Marta Soares isso não me espanta. Só tenho pena de não o ter podido evitar na altura própria. Já está tudo a saltar do barco, pensando que é inexorável a saída do Bruno [de Carvalho]. Claro que já não vai ter o apoio maciço, porque as pessoas têm o direito de mudar o seu sentido de voto, mas não vejo alternativa neste momento para que se faça aproveitamento destas declarações. É inacreditável, inaceitável, desleal", afirmou à Lusa. 

"Não vejo que haja razão para justa causa para destituir o presidente por causa de um conflito com a equipa de futebol. Não faz sentido. O presidente fez um desabafo, teve um estado de alma. E o que se pode dizer é: é legitimo que o presidente do Sporting transmita os seus estados de alma publicamente? Acho que não, mas não vejo naquele post [no Facebook] nada de ofensivo."

Soares Franco está "triste com a situação"

À SIC Notícias, o antigo presidente do Sporting Filipe Soares Franco afirmou-se "triste com a situação" que o clube está a viver, declarando que os valores que norteiam a actual gestão da instituição são uma negação daqueles que defende.

"Sinto-me triste com a situação que o Sporting está a viver e os princípios e valores por que o Sporting se regia quando me candidatei não são estes. Diria que são quase os opostos", afirmou, destacando que "a forma como o Sporting é gerido não tem nada a ver com os princípios e valores que o Sporting tinha há 10 anos". 

"E não estou a criticar ninguém, apenas não me consigo rever nesta forma de gerir", sublinhou. "São os órgãos sociais que têm de escolher qual a melhor solução para o Sporting". "O Sporting ainda tem muita coisa para conquistar", lembrou, nomeadamente em relação a "coisas muito importantes para a vida financeira e desportiva" do clube, apelando à união da equipa.

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