BE pede solução "urgente" para edifício do Abrigo dos Pequeninos

Bloquistas recusam que equipamento social devoluta seja transformado numa galeria de Arte, dadas as necessidades da freguesia do Bonfim.

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O abrIgo fechou em 2013 e desde então o edifício está sem uso Hugo Santos

O Bloco de Esquerda criticou esta quinta-feira o "abandono" do Abrigo dos Pequeninos, um equipamento da Câmara do Porto fechado desde 2013, defendendo que a autarquia dê ao espaço uma "resposta urgente" que "envolva a comunidade" daquela zona do Bonfim.

"É urgente uma resposta para o espaço, que deve necessariamente passar pelas pessoas. Rui Moreira [presidente da Câmara do Porto, independente] deve abrir à discussão a solução para o equipamento e agir com urgência", disse Susana Constante Pereira, deputada municipal do BE, em declarações aos jornalistas junto ao local situado na Praça da Alegria, perto das Fontainhas, com vista para o rio Douro.

Apontando informações públicas sobre a intenção da câmara de transformar o espaço em "galeria de arte", a deputada defendeu "reverter decisão", destacando que o equipamento tem "potencial para uma resposta social importante e integrada" numa zona com "alta densidade populacional". "Esperemos que não aconteça a este edifício o que aconteceu a outros com vistas de rio, que foram retirados aos pobres", afirmou a eleita do BE na Assembleia Municipal do Porto ).

"O BE defende um espaço público para as pessoas e que dê respostas a esta comunidade", acrescentou.
Susana Constante Pereira lembrou que, durante a campanha eleitoral de 2017, realizou no local uma "assembleia aberta" na qual a comunidade sugeriu recuperar o Abrigo para "voltar a ser um espaço para crianças e idosos, ou uma cozinha social".

"Fazer aqui uma galeria foi algo que a ninguém ocorreu", vincou, acrescentando que "a freguesia do Bonfim é um território de contrastes e as respostas sociais são necessárias" e que "as associações locais do Porto estão em agonia e um dos seus problemas são os espaços para dar resposta às comunidades".

A deputada defendeu ainda que a câmara envolva a junta de freguesia do Bonfim na definição do futuro do equipamento. "Este é mais um exemplo da proximidade que o presidente da câmara tem de ter com as freguesias e que não tem tido", observou.

Para a bloquista, esta é também uma "prova" das "políticas com algum caráter avulso da Câmara do Porto".
"Existe em relação a este equipamento alguma discricionariedade. Esteve à venda em hasta pública, houve contactos com associações para uma resposta social e, na AMP, foi avançada a informação de o espaço ser usado como depósito das obras do Palacete Pinto Leite", afirmou.

A Assembleia Municipal do Porto aprovou em Setembro de 2016 a venda do Abrigo dos Pequeninos em hasta pública por 1,4 milhões de euros, devendo o comprador recuperar o espaço com 800 mil euros e arrendá-lo ao município por um período mínimo de 20 anos, em troca de um renda mensal de sete mil euros. De acordo com o BE, a hasta pública do edifício acabaria por ficar deserta.

Em Abril de 2017, o presidente da Câmara do Porto anunciou a intenção de dedicar 100 mil euros do orçamento anual para comprar obras de arte, indicando que a maioria do futuro espólio artístico da autarquia seria visitável em 2018 no Abrigo dos Pequeninos. Rui Moreira revelou ainda pretender que as obras de arte que estavam no Palacete Pinto Leite passassem para o Abrigo dos Pequeninos em 2018, depois de "obras de restauro e de reabilitação" de que o edifício necessita.

A Lusa questionou esta quinta-feira a Câmara do Porto sobre os planos para o Abrigo dos Pequeninos, mas não obteve resposta até ao momento.

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