Emprestados no estrangeiro: há os que crescem e os que são esquecidos

Benfica, FC Porto e Sporting têm 42 jogadores cedidos a clubes estrangeiros de 14 países diferentes. Entre as histórias de sucesso, também há vários exemplos de experiências mal sucedidas.

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Talisca está emprestado pelo Benfica ao Besiktas LUSA/MANUEL ARAUJO

Entre as dezenas de futebolistas que Benfica, FC Porto e Sporting mantêm emprestados, há 42 jogadores que se encontram cedidos a emblemas estrangeiros. E neste universo cabem situações bastante distintas, desde aqueles que foram emprestados tendo já em vista uma futura transferência, passando pelos excedentários que não têm lugar no plantel nem se enquadram na equipa B, até aos jovens que atravessam a fronteira para somar minutos de jogo que possivelmente não teriam por cá.

Dos três, o Benfica é aquele que mais jogadores enviou para fora: 19 futebolistas (média de idades de 23,4 anos) estão cedidos a clubes de nove países. Segue-se o FC Porto, com 14 jogadores (idade média de 25,1 anos) emprestados a clubes estrangeiros, distribuídos por oito países. Já o Sporting emprestou nove jogadores (média etária de 23,2) a clubes de sete países. Os três clubes enviaram futebolistas para 14 países distintos, com a Itália a surgir no topo dos destinos, com sete jogadores. Do total de 42 emprestados pelos três “grandes” do futebol português, há oito que representam clubes estrangeiros de escalões secundários (três do Benfica e Sporting e dois do FC Porto).

Tanto Benfica como FC Porto e Sporting têm jogadores que estão formalmente emprestados mas já se encontram efectivamente vendidos, ou quase. Cristante (Atalanta), Lisandro López (Inter de Milão) e Talisca (Besiktas) são jogadores que dificilmente voltarão a vestir a camisola “encarnada”. Chidozie (Nantes) e Willy Boly (Wolverhampton) também não deverão regressar ao Dragão. Jonathan Silva (Roma) deixou Alvalade no mercado de Inverno e Jorge Jesus reconheceu na altura que foi uma venda de oportunidade: “Um jogador que foi operado, que não está a jogar, que não tem sido titular, vendê-lo por 6 milhões – foi o que disseram, não sei se é verdade ou mentira – é uma operação muito bem feita.”

Passar um período no estrangeiro representa uma oportunidade para crescer, o FC Porto que o diga. Entre os habitualmente utilizados de Sérgio Conceição há três jogadores que na temporada passada estavam fora: Aboubakar (Besiktas), Ricardo (Nice) e Sérgio Oliveira (Nantes na segunda metade da época, onde teve como treinador, precisamente, Sérgio Conceição).

Entre os 14 actualmente emprestados, há oito com pelo menos 15 presenças no clube onde se encontram, aos quais se junta Layún (que no Inverno rumou ao Sevilha e soma nove jogos). Também há jogadores que disputam campeonatos que só agora estão a começar, como Quintero (River Plate). No extremo oposto, os empréstimos menos bem-sucedidos são os do veterano Alberto Bueno (cinco jogos no Málaga, apenas um a titular) e do jovem Raúl Gudiño (sete presenças, seis a titular, no APOEL).

No lote de emprestados do Benfica há oito com pelo menos 15 presenças. E entre os que estão a ter uma época mais produtiva encontram-se jogadores que têm um pé fora do clube: Talisca (38 jogos e 15 golos no Besiktas), Cristante (37 jogos e 11 golos na Atalanta), Carrillo (28 jogos e dois golos no Watford) ou Taarabt (22 jogos e dois golos no Génova). Entre aqueles que os adeptos ainda podem ter esperança de ver jogar na Luz há quatro jovens. Três avançados – Luka Jovic (20 jogos e seis golos pelo Eintracht Frankfurt), Saponjic (26 jogos e cinco golos no Zulte Waregem), Jhon Murillo (21 jogos e quatro golos no Kasimpasa) – e um defesa, Dawidowicz, que já jogou 18 vezes pelo Palermo.

Por ter o maior contingente de jogadores cedidos a clubes estrangeiros, o Benfica também tem a maior quota de empréstimos que estão a revelar-se flops. Erdal Rakip, promessa sueca que os “encarnados” foram buscar ao Malmo, ainda não se estreou pelo Crystal Palace. Cedidos no Inverno, Filipe Augusto e Pedro Pereira têm tido poucos minutos: três e dois jogos, respectivamente, por Alanyaspor e Génova. Dálcio Gomes, que no início da temporada rumou ao Rangers, então orientado por Pedro Caixinha, só participou em três encontros – e não joga desde Setembro.

Jonathan Silva ainda não se estreou pela Roma, tal como Carlos Mané ainda não jogou esta época pelo Estugarda – o extremo lesionou-se com gravidade e continua a recuperar. Mas o Sporting também tem emprestados a fazer épocas positivas: Spalvis marcou seis golos em 19 jogos pelo Kaiserslautern, Castaignos marcou três em 30 jogos no Vitesse, e Slavchev fez um golo em 19 jogos no Lechia Gdansk. Dos cedidos a meio da época, Alan Ruiz (nove jogos e um golo pelo Colón) e Tobias Figueiredo (sete jogos, todos a titular, e sempre a fazer os 90’ no Nottingham Forest) são os que têm feito por aproveitar a oportunidade.

Qualquer jogador que ande emprestado pode ainda olhar para Walter, jogador há seis anos consecutivamente emprestado pelo FC Porto. O avançado, que foi campeão nacional e vencedor da Liga Europa em 2010-11, fez o último jogo pelos “dragões” em Novembro de 2011. Continua ligado ao FC Porto e desde então passou por seis clubes diferentes: Cruzeiro, Goiás, Fluminense, Atlético Paranaense, Atlético Goianiense e agora Paysandu. Walter já nem deve desfazer a mala. Apesar de ter concordado em dar uma entrevista ao PÚBLICO para falar dessa experiência, falhou e desmarcou-a à última hora.

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