Cartas ao director

As árvores também se abatem

Depois de décadas de políticas de abandono e de medidas potenciadoras da desertificação do meio rural, como os encerramentos de escolas e outros serviços, o país urbano, mercê das mortes ocorridas durante anos e sobretudo no ano passado, acordou para uma parte da realidade. E os governantes e bem, decidiram tomar medidas. Mas na minha modesta opinião, nem todas correctas. Não foram ouvidos todos os parceiros e interessados.

Aqui chegados, crescem as dúvidas relativamente às “limpezas de matas” e áreas adjacentes.  Ainda nem todos sabem o que é para desmatar e onde… onde são os limites das aldeias? Na última casa? O que cortar? E as diferenças entre arbustos e sub-arbustos? Quais as espécies de risco? Com que mão-de-obra se efectuam as “limpezas”? Que apoio para quem não retira um cêntimo da actividade agrícola?

Sacrifica-se então, por via das dúvidas, um dos elos mais fracos…já se sacrificaram árvores “inocentes”! E as consequências? A purificação do ar? O combate ao aquecimento? O combate à erosão? A sombra? E o material lenhoso? Quem o quer? Onde se coloca?

O outro elo fraco desta equação, são os pequenos proprietários: serão verdadeiramente penalizados e absolutamente desprotegidos. Serão o bode expiatório, porque precisamente não têm voz activa, nem pertencem a lobbies, nem fazem manifestações. E a maioria não tem rendimentos para fazer face a estas despesas. E estão em pânico. Não sabem o que fazer, nem com quem, nem como pagar.

Sabem isso sim, que serão multados, embora se tenha e bem, adiado o prazo dessa cobrança! Serão multados, até, pasme-se, por terem lenha armazenada perto de casa. Mas, quem precisa da lenha para se aquecer ou cozinhar? Os pobres, os idosos, que não têm, nem podem pagar, aquecimentos sofisticados, a gasóleo, gás natural, pellets ou eléctricos.

Parece aqui transparecer, mais uma vez, uma lei cega, feita por quem vive nas grandes cidades, trabalha em gabinetes e não conhece verdadeiramente o país. O país que nos verões aparece nas notícias. E o aproveitamento dos desastres do passado, para culpar os proprietários, metendo no mesmo saco, pequenos e grandes… e inflacionar os preços, que por esta região, rondavam os 450 euros por hectare e este ano mil ou dois mil ! Haja bom senso!

Cristina Gomes, Chaves

 

Uma fotografia

A fotografia que me sensibilizou vem na primeira página da edição de sábado e mostra uma criança [síria] sorrindo inocente, aparentemente alheia à tragédia que a rodeia, que nem ofusca a sua beleza. Eu acrescentaria uma citação do evangelista S. Lucas, como legenda: "Enquanto não formos como as crianças não alcançaremos o Reino dos Céus." Parabéns ao autor da foto.

 

Vergílio Rodrigues, Braga

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