600 Anos de Madeira com golfe e muito mais

Um arquipélago que faz sonhar qualquer turista em geral e os golfistas em particular

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O arquipélago da Madeira oferece paisagens com cenários inesquecíveis / © APM

INTRODUÇÃO

A Região Autónoma da Madeira (RAM) celebra até ao final de 2019 os 600 anos dos descobrimentos das suas principais ilhas, o Porto Santo em 1418 e a Madeira em 1419.

Paralelamente, o golfe na Madeira prepara-se para festejar o seu centenário, dado que, de acordo com o Clube de Golfe do Santo da Serra, os primeiros documentos a referirem-se à modalidade e ao clube na ilha datam de 1920.

Se tal como no Continente a influência britânica terá sido importante nos primórdios, à medida que a Madeira foi percebendo a sua vocação turística o golfe foi-se afirmando como muito mais do que uma atividade meramente desportiva, para ganhar importância económica na região.

Já com portugueses ao leme dessa “caravela golfística”, o golfe tem vindo a crescer sustentadamente na RAM.

Dados publicados pelo Jornal da Madeira na segunda semana de fevereiro indicam que venderam-se em 2017 “67.219 voltas nos três campos de golfe da RAM no ano de 2017 (+11,1% que em 2016). Esta atividade gerou cerca de 2,6 milhões de euros de receitas. 75,5% Dessas voltas foram realizadas por não sócios, provenientes na sua maioria dos Países Nórdicos, Alemanha e Reino Unido”.

Este crescimento do golfe acompanha o do turismo em geral na RAM registando-se uma coincidência significativa dos mercados do turismo em geral e do golfe em particular. Não é um acaso. O golfe é um produto consolidado no meio de uma panóplia de ofertas da Madeira aos seus visitantes.

ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO

Cada vez menos se vai ao Porto Santo apenas para gozar uma das mais famosas praias do país, com os seus 9 quilómetros de dourado areal, eleita a melhor “praia de dunas” no âmbito do concurso “7 Maravilhas – Praias de Portugal”. E também já não se pensa só na Madeira quando chega o fim do ano para ver o maior fogo de artifício do planeta.

Há novas e diversificadas atividades na RAM, o Governo Regional está atento e fomenta a metamorfose do seu turismo, numa ação integrada e concentrada na Associação de Promoção da Madeira.

Paula Cabaço secretária Regional do Turismo e Cultura do Governo Regional da Madeira, em declarações ao jornal Sol no início de fevereiro, dava conta dessa multifacetada realidade: “A concentração da promoção numa única entidade permitiu dinamizar e agilizar a nossa atuação. (…) Dar continuidade à estratégia assumida em 2017 que posicionou a Madeira como destino de experiências para todo o ano”.

A governante quer “transformar as comemorações dos 600 anos do descobrimento do Porto Santo e da Madeira num projeto transversal a toda a sociedade, que envolva ativamente a população madeirense, a diáspora madeirense e os turistas”, sendo que “no que concerne aos mercados, a aposta mantém-se nos estratégicos do Reino Unido, Alemanha, França Portugal e Holanda, sem esquecer os mercados que estão a ser trabalhados como são os casos dos Estados Unidos, Brasil, China e Rússia”.

Ora todos estes mercados são igualmente importantes na definição da Madeira como um destino turístico de golfe diferente.

A RAM COMO DESTINO DE GOLFE

As muitas centenas de jogadores profissionais oriundos de todas as partes do Mundo que entre 1993 e 2015 rumaram a estas ilhas para disputarem o Madeira Islands Open constataram o especial e diferente que é competir em campos com tanta personalidade e beleza, quase sempre no Clube de Golfe do Santo da Serra, mas também, durante três anos, no Porto Santo Golfe.

Só o Palheiro Golf nunca recebeu o torneio do European Tour que se deseja que um dia possa voltar, quem sabe se a tempo da celebração dos 100 anos de golfe na Madeira.

Não admira que a Madeira tenha conquistado nos últimos três anos o galardão de “Melhor Destino Insular do Mundo”, depois de ter sido durante quatro anos o “Melhor Destino Insular da Europa”. Prémios de turismo dos World Travel Awards que bem poderiam aplicar-se ao golfe na região, na medida em que a diversidade dos três campos madeirenses são na realidade um microcosmos da variedade da oferta turística na RAM.

O site oficial do European Tour proclamou durante anos que o Clube de Golfe do Santo da Serra oferecia “algumas das vistas mais arrebatadoras do ano” no circuito europeu.

E quem se esqueceu das palavras do saudoso Seve Ballesteros, numa conferência de Imprensa no Santo da Serra, depois de ter sobrevoado de helicóptero a Ilha do Porto Santo ao lado de Miguel de Sousa? “Descobri um terreno que é um paraíso para um campo de golfe”.

PORTO SANTO GOLF

Em outubro de 2004 lá foi inaugurado o Porto Santo Golf, um dos últimos desenhos assinados por aquele que ainda hoje é considerado o melhor golfista europeu de sempre.

De facto, o Porto Santo Golfe, com os seus buracos mais interiores virados para a árida, inóspita e agressiva serra, e os seus buracos virados para o oceano bem ao jeito do links golf que encantava Ballesteros, mostra bem o que se pode encontrar na ilha que tanto se orgulha de ter albergado Colombo.

Desde que José Rodrigues dos Santos popularizou em diversos idiomas o seu “Codex 632”, um romance de 2005, no qual defende a tese que Cristóvão Colombo era português, que a Ilha Dourada viu revalorizada a sua aposta turística no descobridor da América.

O Porto Santo Golf inclui ainda um campo de pitch & putt e situa-se junto a um picadeiro de equitação e a um moderno complexo de seis courts de ténis e dois de padel, onde já se disputaram torneios internacionais a contar para os rankings mundiais ATP e WTA.

SANTO DA SERRA

Mas, voltando ao golfe, agora já na ilha da Madeira, o percurso “Serras” do Clube de Golfe do Santo da Serra, o mais jovem das três combinações de 9 buracos disponíveis, que data de 1998, tem algumas semelhanças com os buracos interiores do Porto Santo Golf, com belas vistas de montanha e lagos, mas oferecendo uma vegetação mais rica.

No entanto, são os percursos “Machico” e “Desertas”, escolhidos para constituírem o “championship course” do Madeira Islands Open, que fizeram a fama do campo, cuja história remonta a 1937, sendo um dos mais antigos do país.

Nesses 18 buracos redesenhados por Robert Trent Jones Sr. em 1991 deparamos com as joias da coroa que são as vistas sobre a baía de Machico, localidade onde pela primeira vez os descobridores desembarcaram na Ilha.

Os buracos 3 e 4 do percurso “Machico” são icónicos e sentarmo-nos no “banco dos namorados” é uma experiência retemperadora e leva-nos a pensar em como a Madeira é um dos locais mais românticos da Terra e justamente destino privilegiado para luas de mel.

O contraste paisagístico dos três percursos do Santo da Serra remetem o golfista para muitas outras atividades disponíveis na ilha, designadamente as ligadas ao mar, como surf, windsurf, kitesurf, stand up paddle, observação de cetáceos (baleias, golfinhos, focas-monge ou lobo marinho), mergulho e snorkling, canoagem, praias, piscinas naturais.

Merecem destaque o surf, pela qualidade de alguns spots que já levaram a ilha ser considerada o Havai da Europa, e o mergulho.

Recentemente, o presidente da Federação Portuguesa de Atividades Subaquáticas, Ricardo José, esteve na RAM e em declarações à RTP Madeira assegurou que a região tem “todas as condições para acolher eventos de grande escala, não só nacionais, mas internacionais, por ter infraestruturas de grande qualidade, desde piscinas a um mar tremendo que permite tremendas abordagens”.

PALHEIRO GOLF

Mas a Madeira é muito mais do que a praia que se avista do Porto Santo Golf e o oceano que se vislumbra do Santo da Serra. A sua dimensão de jardim atlântico é completamente apreendida no Palheiro Golf, situado a uma altitude intermédia entre a montanha do Santo da Serra e o quase nível do mar do Porto Santo.

Inaugurado em 1993, sob desenho de Cabell B. Robinson, este traçado também nos desperta a atenção para o Atlântico, dados os seus belos miradouros para a baía do Funchal, mas jogar no Palheiro é sobretudo desfrutar da natureza luxuriante e da história arquitetónica da ilha.

Se o Santo da Serra e o Porto Santo optaram por clubhouses modernas, o Palheiro valoriza a tradição da sua Casa Velha, um antigo pavilhão de caça, construído pelo primeiro Conde de Carvalhal, em 1801, como residência de verão, convertido num luxuoso hotel de charme.

Ali, a 500 metros de altitude, somos transportados imediatamente para a chamada Cidade Velha e para monumentos ainda mais antigos como a Sé e a fortaleza.

Aliás, turistas do Continente que queiram saber mais de épocas recuadas, vale a pena visitarem até 18 de Março o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, e verem a exposição “As Ilhas do Ouro Branco – Encomenda Artística na Madeira – Séculos XV e XVI”, que retrata o apogeu económico do período do açúcar da Madeira.

Mas assim que saímos da Casa Velha e começamos a jogar no campo, entramos em pleno jardim, renovado em 2003, com mais de 20 espécies, classificado pela UNESCO como Património Natural da Humanidade.

O site do campo não mente quando descreve que os seus buracos serpenteiam “através de um ambiente intocado, repleto de pinheiros-bravos e bosques botânicos, adornados por uma exuberante vegetação subtropical”.

MULTIPLAS ATRAÇÕES

Estas paisagens do Palheiro Golf fazem-nos viajar ao Parque Natural da Madeira, inaugurado em 1982, uma Reserva Biogenética, ou ainda as Reservas Naturais das Ilhas Desertas e Selvagens, sem esquecer a renomada Floresta Laurissilva classificada em 1999 pela UNESCO como Património Mundial Natural da Humanidade, caracterizada por árvores de grande porte.

É certo que o litoral madeirense é mais conhecido, mas é neste seu interior que o turista pode optar por outro tipo de atividades como canyoning, trail running, bike tours (BTT), jeep tours (todo o terreno), escalada, parapente e as singulares levadas – antigos canais de irrigação, que trazem água do norte para o sul da ilha e que embora ainda funcionem para este efeito são também deslumbrantes trilhos de walking/trekking.

Jogar golfe na Madeira é, por tudo isto, muito mais do que “swingar” em três campos lindos.

E se a sua tipologia de golfista-turista não se enquadrar nem nas atividades de oceano/mar nem nas de montanha/natureza e se, pelo contrário, abraçar mais um lazer cosmopolita, aventure-se no novo Museu CR7, que glorifica o melhor futebolista do Mundo e entusiasme-se com os eventos que têm ajudado a Madeira a cimentar-se como um destino único: o Carnaval, a Festa da Flor, o Festival Atlântico, a Festa do Vinho, o Festival Colombo (no Porto Santo), o Festival da Natureza, as celebrações de Natal e, claro, o Fim de Ano.

Há 600 anos, João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo navegaram por aquelas águas imbuídos de ambição, de uma visão de desbravar o desconhecido, longe de imaginar que um dia seriam os “pais” de um arquipélago que faz sonhar qualquer turista em geral e os golfistas em particular.

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