A ponta final mais equilibrada do século entre os “grandes”

A oito jornadas do fim do campeonato, há cinco pontos a separarem os três candidatos ao título. E o FC Porto enfrenta, à partida, um calendário mais acessível do que o dos rivais.

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Benfica e FC Porto disputarão entre si o próximo clássico, que está agendado para meados do mês de Abril JOSÉ COELHO/LUSA

Há muito que não se via algo assim. Um campeonato que, a oito jornadas do final, tem os três “grandes” separados por apenas cinco pontos é um quadro invulgar, que se traduz na Liga mais competitiva entre FC Porto, Benfica e Sporting no presente século. A jornada 26 aproximou os candidatos, mas as rondas que se seguem deverão obrigar a refazer as contas do título, até porque há dois clássicos no horizonte.

A inesperada derrota do líder em Paços de Ferreira permitiu aos rivais encurtarem distâncias e a um deles, o Benfica, passar também a depender apenas de si próprio para chegar ao pentacampeonato. Isto porque há um embate entre “águias” e “dragões”, no Estádio da Luz, agendado para a 30.ª jornada, de longe o compromisso (teoricamente) mais exigente para o FC Porto até ao fim da prova. De resto, a equipa orientada por Sérgio Conceição é, das três, aquela que enfrenta o calendário menos atribulado.

É um juízo sempre subjectivo, naturalmente, mas neste caso determinado pela classificação: enquanto Benfica e Sporting terão ainda pela frente dois adversários do top 4 (dois clássicos para os “encarnados”, um derby e uma deslocação a Braga para os “leões”), o FC Porto enfrentará na Luz o seu maior obstáculo.

Se adoptarmos um outro critério, o dos adversários com os quais os “grandes” perderam pontos na primeira volta da prova, a nota é de equilíbrio: há um par de resultados a corrigir para cada um (ver caixa ao lado).

Fora da lógica dos deslizes no confronto directo com os eternos rivais, na última década houve outros adversários (dos que ainda restam defrontar em 2017-18) incómodos nos derradeiros oito jogos. O FC Porto perdeu pontos com o Belenenses em 2014-15, com o Marítimo em 2012-13 e 2016-17, e com o Feirense na época passada. O Benfica deixou-se atrasar por Estoril (2012-13), V. Setúbal (2013-14) e V. Guimarães (2014-15), graças a três empates. E o Sporting marcou passo diante de Marítimo (2009-10), Rio Ave (2010-11), Paços de Ferreira (2012-13) e Belenenses (2016-17), com três derrotas e um empate em Vila do Conde.

Outras épocas, outros plantéis, outro contexto, que inquinam uma comparação pura e dura, mas que permitem perceber com que cadência os três “grandes” têm escorregado no frente-a-frente com oponentes que lutam por objectivos mais modestos.
Um cenário de tão curta distância entre os três clubes mais titulados do futebol português só encontra paralelo, no século XXI, com a época 2008-09.

Nessa temporada, nesta mesma fase da Liga, o FC Porto liderava com 48 pontos, mais quatro que o Benfica e mais cinco que o Sporting. Em simultâneo com o actual campeonato, é a época de maior equilíbrio entre os três nos últimos 18 anos — e terminou com o tetracampeonato dos “dragões”.

Neste período, de resto, houve um momento de ainda maior nivelamento, mas que excluiu o Sporting da equação. Foi em 2011-12: a oito jornadas do fim, havia apenas um ponto intrometido entre FC Porto, Benfica e Sp. Braga. Justamente o oposto do que sucedeu em 2010-11, quando a diferença entre terceiro (Sporting) e primeiro (FC Porto) era de nada menos do que 26 pontos.

E quão comum é, para os eternos pretendentes ao título, perder pontos nas derradeiras oito “finais”? Depende do ciclo. Nos anos mais recentes, de domínio “encarnado”, o FC Porto é a equipa que mais tem escorregado nesta fase (no ano passado deixou pelo caminho uns impensáveis 11 pontos). Em sentido inverso, os dois rivais protagonizaram um sprint imaculado até à meta em 2015-16, sem cederem qualquer ponto no trajecto.

Se recuarmos um pouco mais, de 2012-13 para trás a tendência inverte-se, com os “dragões” a serem muito mais regulares no último fôlego da competição, ainda que se tenha registado a ironia de, em 2009-10, época em que não perderam pontos, os “azuis e brancos” terem visto o Benfica sagrar-se campeão.

Depois de uma primeira volta demolidora do FC Porto, esta segunda metade do campeonato tem sido ligeiramente mais favorável aos “encarnados”. Desde a jornada 18, a equipa de Rui Vitória somou 25 pontos, contra 22 dos “dragões” e 19 do Sporting (três pontos ficaram “retidos” no Estádio do Dragão). Resta agora saber que impacto vão ter nas contas do título os dois jogos grandes que ainda estão na agenda. 

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