Nápoles volta a tropeçar e Juventus confirma a liderança em Itália

Empate a zer no terreno do Inter de Milão compromete as ambições napolitanas

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O Nápoles continua sem perder em casa mas desta vez teve um empate com sabor amargo LUSA/MATTEO BAZZI

Depois da surpreendente goleada sofrida em casa frente à Roma (2-4) na jornada anterior, o Nápoles voltou a comprometer as suas aspirações à conquista da Liga italiana. Na deslocação ao terreno do Inter, que festejou esta sexta-feira o seu 110.º aniversário, o conjunto treinado por Maurizio Sarri empatou a zero e cedeu o primeiro lugar da classificação à Juventus, que horas antes tinha recebido e batido a Udinese, por 2-0.

Um rude golpe para as ambições dos napolitanos, o único adversário em condições de impedir a imperial Juve de alcançar um inédito heptacampeonato. Algo que agradaria bastante ao conjunto do Sul do país que tem muitas contas antigas a ajustar com o poderoso emblema de Turim. Nada está perdido, mas complicou-se bastante, até porque o novo líder da Série A tem ainda uma partida em atraso.

A rivalidade entre o Nápoles e a Juventus cresceu nos anos de 1980, quando a equipa do sul de Itália passou a intrometer-se consistentemente na tradicional luta entre os grandes emblemas do Norte, acabando por conquistar os dois únicos títulos da sua história (1986-87 e 1989-90) e outros tantos vice-campeo natos (1987-88 e 1988-89) e uma Taça de Itália (1986-87). Foi a era de ouro dos Azzurri Meglio, impulsionados pela estrela do argentino Diego Maradona.

Um atrevimento que saiu bem caro financeiramente à Società Sportiva Calcio Napoli, fundada em 1926. O clube foi arrastado para um abismo desportivo, seguido de falência em 2004. Ressurgiu das cinzas pela mão do produtor cinematográfico e actual presidente Aurelio de Laurentiis, escalando as divisões inferiores até regressar ao escalão principal na temporada 2007-08.

Estabilizou-se entre os grandes e rapidamente voltou a intrometer-se nos lugares cimeiros da classificação. Nas últimas sete épocas alcançou três terceiros lugares (2010-11, 2013-14 e 2016-17) e dois segundos (2012-13 e 2015-16), saboreando pelo meio duas taças transalpinas (2011-12 e 2013-14). É o que se pode já chamar de segunda época de ouro da società napolitana, que antes dos anos de 1980, exibia apenas dois segundos lugares no campeonato no palmarés (1967-68 e 1974-75) e três taças (1961-62, 1975-76).

Regressou também a grande rivalidade com as potências ricas do Norte do país. Em relação à Juventus, a hostilidade ganhou novos contornos com a contratação da estrela argentina Gonzalo Higuaín, que na temporada 2016-17 trocou o Nápoles por Turim, num negócio milionário, que poderá ter chegado aos 90 milhões de euros. Os cofres cheios não chegaram para conformar os fervorosos adeptos napolitanos, que não perdoaram a “traição” ao avançado sul-americano.

A lutar taco a taco pelo primeiro lugar, Juventus e Nápoles vão reencontrar-se na 34.ª jornada, a 22 de Abril próximo, em Turim, num encontro que pode muito bem ser decisivo para as aspirações de ambas as equipas na competição. Na partida da primeira volta, no Estádio de San Paolo, o conjunto de Massimiliano Allegri conseguiu uma boa vantagem no confronto directo (decisivo em caso de empate), ao bater os napolitanos, por 1-0.

Mas a julgar pela campanha que o Nápoles tem vindo a protagonizar fora de portas, onde soma 12 triunfos e cedeu apenas dois empates, os adeptos podem continuar a sonhar.

Lágrimas em Florença

As atenções deste domingo no campeonato italiano não estiveram centradas apenas nos dois grandes candidatos ao título. Por motivos mais dramáticos do que os meramente competitivos, aguardava-se o regresso aos relvados da Fiorentina, após a morte do capitão Davide Astori, aos 31 anos. A formação de Florença (onde alinham os portugueses Gil Dias e Bruno Gaspar) reagiu à tragédia e bateu perante o seu público o Benevento, com um golo solitário de Vítor Hugo.

Mas no final, a comoção era visível no rosto dos jogadores, em particular no croata Milan Badelj, que assumiu a braçadeira de capitão do seu desaparecido colega. Em lágrimas, o futebolista, de 29 anos, foi confortado pelos companheiros e até pelo árbitro do encontro.

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