Transportes públicos tiveram o melhor ano desde 2012

Maior recuperação foi da CP, mas todos os grandes operadores assistiram a uma subida da procura em 2017 devido a factores como o turismo e criação de emprego.

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O maior crescimento em 2017 ocorreu na ferrovia, com a CP a subir 6,3% para 122 milhões Bruno Lisita

Todas as grandes empresas de transporte público de passageiros registaram um aumento da procura em 2017, (algo que ainda não se verificara em 2016) com os valores a espelharem o melhor resultado dos últimos cinco anos: 669 milhões de passagens validadas em 2017 no universo em análise, mais 2,8% face a idêntico período do ano anterior.

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Todas as grandes empresas de transporte público de passageiros registaram um aumento da procura em 2017, (algo que ainda não se verificara em 2016) com os valores a espelharem o melhor resultado dos últimos cinco anos: 669 milhões de passagens validadas em 2017 no universo em análise, mais 2,8% face a idêntico período do ano anterior.

De acordo com os dados recolhidos pelo PÚBLICO, e que abrangem as empresas de capitais públicos mas também privadas (caso do grupo Barraqueiro, na rodovia), mesmo comparando com 2011, quando o total de viagens validadas se aproximou do pico de 800 milhões, há duas empresas que já registam evoluções positivas: a Metro do Porto, que fechou o ano passado com 60,6 milhões de viagens validadas (o melhor resultado de sempre, contra os 55,7 milhões de 2011 e 4,5% acima de 2016), período em que ganhou uma nova estação, a VC Fashion Outlet; e o Metro Sul do Tejo (MST), que, com 11,9 milhões de passagens no ano passado, ficou 13% acima dos valores de 2011 (mais 3,5% face a 2016).

Em termos homólogos, o maior crescimento em 2017 ocorreu na ferrovia, com a CP a subir  6,3% (ver infografia) para 122 milhões. A subida foi transversal em todos os serviços, mas o melhor comportamento foi o dos urbanos de Lisboa (como a Linha de Cascais), que subiu 7,3%, para os 83 milhões de passagens. Para a CP, estes dados explicam-se através da “dinâmica comercial” que a empresa tem vindo a implementar nos últimos anos, mas o maior recurso aos comboios, e ao resto dos transportes públicos, está também muito ligado ao crescimento do turismo e à criação de emprego.

Subidas a ritmos diferentes

No caso da Carris, que registou a subida mais ténue de todas (1,2% para 122,4 milhões de viagens validadas) mas conseguiu inverter a tendência de queda no ano em que passou para as mãos da Câmara Municipal de Lisboa, fonte oficial diz que o que contribuiu para o crescimento foi “uma maior fiabilidade do serviço, o reforço em áreas com impacto turístico e também a abertura dos passes para os jovens e terceira idade”. Já o número de passageiros com título pago terá descido, com a empresa a apostar nos passes gratuitos para as crianças entre os 4 e os 12 anos.

Aumentar

Por parte do grupo Barraqueiro (que, além das empresas rodoviárias, está ligado ao MST, à Fertagus e à Metro do Porto), fonte oficial destaca que o aumento generalizado da procura “reflecte o acréscimo de mobilidade verificado em 2017, em consequência, sobretudo, da retoma da actividade económica e do crescimento do emprego, merecendo destaque o acentuado crescimento do turismo”. Ao nível das empresas rodoviárias do grupo, onde se inclui a Barraqueiro Oeste, a Mafrense e a Ribatejana, houve uma mudança de tendência, com o número de passagens a subir 2,7% face a 2016, chegando aos 81,1 milhões.

A mesma fonte, além de destacar a qualidade da oferta, defende ainda que “as políticas públicas de promoção de formas sustentáveis de mobilidade assentes no transporte público” também terão tido “um impacto positivo no comportamento da procura de transporte público”.

Na Fertagus, a empresa do grupo de Humberto Pedrosa que opera em regime de concessão a ligação ferroviária entre Lisboa e Setúbal (passando pela ponte 25 de Abril), a subida foi de 1,5% para 19,8 milhões de passagens, tendo crescido pelo segundo ano consecutivo. 

A Transtejo/Softlusa, empresa estatal que assegura as ligações fluviais entre as duas margens do Rio Tejo, destaca que houve uma recuperação em todas as linhas, embora realçando a ligação de Lisboa a Cacilhas (devido à “crescente procura turística/lazer”) e ao Barreiro (com aumento dos passes). Num ano marcado por diversas falhas ao nível das ligações, e com greves parciais pelo meio, os dados enviados ao PÚBLICO mostram que a Transtejo/Softlusa acabou por fechar o ano a crescer 5%, para 16,8 milhões de passagens, o que representa o melhor ano desde 2011.

Já a STCP, que também passou para mãos locais no início do ano (além do Porto, inclui os municípios de Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Maia, Gondomar e Valongo), os indicadores de 2017 disponibilizados ao PÚBLICO revelam uma subida de 4,3%, o que lhe permitiu regressar ao patamar dos 70 milhões de passagens.  

Problemas na oferta

Ao mesmo tempo que há um movimento de subida da procura, também há casos de problemas por parte da oferta em empresas de capitais públicos como o Metro de Lisboa, a Carris ou a Transtejo/Softlusa (reconhecidos pelas próprias transportadoras). Após uma fase de desinvestimento, paralela à tentativa de privatizações do anterior executivo PSD/CDS, há agora uma aposta de recuperação, nomeadamente através da compra de material circulante e de autocarros (de forma mais ou menos expedita, conforme os casos).

No que respeita ao Metro de Lisboa, por exemplo, a empresa incluiu no seu plano de actividades para este ano o reforço das linhas Azul e Amarela, com mais um comboio à hora de ponta (7h30-9h30) nas manhãs dos dias úteis. Até agora, tal não aconteceu e, segundo afirmou fonte oficial ao PÚBLICO, a estratégia será concretizada “assim que se verifiquem as condições materiais necessárias”, sem adiantar pormenores.