Cartas ao director

Mitos e Verdades

O açúcar natural existente nos frutos é comumente designado por frutose e utilizado por várias companhias de refrigerantes, para tornar as suas bebidas mais doces e apelativas para os consumidores. No entanto, num estudo realizado recentemente pela Universidade de Priceton sugere-se que a frutose, quando consumida em quantidades significativas, pode estar na origem da diabetes tipo 2 e da acumulação de gordura, no corpo humano. A experiencia foi realizada em laboratório, através da análise dos efeitos da glucose (o açúcar mais comum) e da frutose nos organismos de ratos de laboratórios. Os investigadores verificaram que as moléculas da glucose foram rapidamente absorvidas pelo organismo, uma vez que foram transportada por um canal hepático, que as transferiu do intestino delgado para os restantes órgãos. Em contrapartida, as moléculas associadas à frutose ficaram acumuladas no intestino delgado, não sendo transportadas para o resto do corpo. Como não é distribuída pelos órgãos, o intestino delgado apenas consegue absorver 30% da frutose, sendo a restante convertida em gordura. O mesmo teste aplicado em humanos apresentou exatamente os mesmo resultados.

Estas conclusões são relevantes e acabam por desmistificar determinados mitos e verdades apregoadas por vários médicos e programas diatéticos. Além disso, começamos a perceber, porque nunca tantas pessoas gastaram tanto em alimentação saudável e ginásios e mesmo assim a taxa de obesidade não para de aumentar.

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

Sismos

Somos confrontados, com a notícia de intensa actividade sísmica nos Açores; há uns dias foi a notícia dos sismos de Arraiolos...  Estas notícias têm a vantagem de nos lembrar que o território português está sujeito a (muitos) sismos e que eles podem ser catastróficos, como por exemplo na Angra do Heroísmo em 1980 ou, mais remotamente o de 1755 ou o do tempo de D. Dinis, que criou o vale onde hoje é a Calçado do Combro, em Lisboa. Mas não temos apenas sismos: temos a "praga" dos incêndios florestais. Ou seja, somos um país sujeito a várias catástrofes naturais. Mas devemos ser, também, um dos poucos Estados da Europa que não tem um fundo para acudir às despesas originadas por tais catástrofes... E isso, apenas por falta de vontade política. São vários os estudos técnico-económicos tendentes à criação de um Fundo para Catástrofes, levados a cabo, entre outros, pela Associação Portuguesa de Seguradores. Tive o prazer de colaborar na sua elaboração, já no final do século XX (Fevº 1997) e de o apresentar num seminário organizado pela Universidade do Minho. Aí, com uma grande dose de ingenuidade, defendi que "desta vez, vai mesmo ser criado o Fundo"... E tinha razões para isso, pois a tutela governamental do sector segurador tinha-se manifestado muito receptiva... A mudança de Governo e o desinteresse dos sucessores fizeram com que, mais de vinte anos passados, continuemos sem um Fundo para Catástrofes em Portugal. Até quando?!  

Manuel Guedes-Vieira, Lisboa

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