Intervenção das equipas de socorro foi "imediata" após queda de árvore em 2017 no Funchal

O presidente da Protecção Civil foi ouvido nesta sexta-feira em audição parlamentar. O presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, recusou-se a comparecer perante os deputados.

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HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

A resposta das equipas de socorro após a queda da árvore que matou 13 pessoas e feriu 50 no Monte, Funchal, em Agosto de 2017, foi "imediata", disse nesta sexta-feira no Parlamento madeirense o presidente do Serviço Regional de Protecção Civil.

"Não nos foi dado conhecimento de qualquer dispositivo de socorro dedicado àquele evento, mas a capacidade de resposta foi imediata", afirmou José Dias, vincando que apenas quatro minutos após o alerta estavam já abertos corredores de circulação para as viaturas de socorro.

O presidente da Protecção Civil foi ouvido nesta sexta-feira em audição parlamentar na Comissão de Saúde e Assuntos Sociais, que também auscultou a presidente da Junta de Freguesia do Monte, Idalina Silva, na sequência de um requerimento apresentado pelo PSD.

A iniciativa surgiu depois de o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, se ter recusado a comparecer perante os deputados para prestar esclarecimentos sobre os trágicos acontecimentos ocorridos no Largo da Fonte, na freguesia do Monte, no dia 15 de Agosto de 2017, quando um carvalho centenário tombou sobre uma multidão que aguardava a passagem da procissão da padroeira da Madeira.

O responsável pela Protecção Civil explicou que o primeiro alerta foi recebido às 12h08 e às 12h13 chegou ao local o primeiro veículo dos bombeiros, sendo que os serviços hospitalares já tinham sido alertados para a necessidade de reforçar as equipas médicas.

No total, estiveram envolvidos 21 meios e 55 operacionais oriundos de sete entidades de socorro, inclusive de outros concelhos, o que elevou o patamar da ocorrência de municipal para regional, passando então a ser gerido pelo Serviço de Protecção Civil.

"Os recursos humanos e materiais foram suficientes e não houve falta de diálogo entre as várias entidades envolvidas", disse José Dias, sublinhando que houve sobretudo um cuidado especial no sentido de "garantir a dignidade" das pessoas que faleceram esmagadas pelo carvalho.

José Dias disse, por outro lado, que o Serviço de Protecção Civil não tinha conhecimento sobre o dispositivo de socorro previsto para o dia da festa do Monte, ao contrário do que aconteceu entre 2011 e 2015, nomeadamente com a indicação do número de viaturas e a sua localização no recinto.

No entanto, esclareceu que tal não é obrigatório, uma vez que se trata de um evento de cariz municipal.

A presidente da Junta de Freguesia do Monte salientou, por seu lado, que esta decidiu por unanimidade não realizar mais nenhum evento no Largo da Fonte enquanto não for feita uma "intervenção de fundo" ao nível da segurança das árvores da área, que são centenárias e de grande porte.

Idalina Silva, eleita em 2013 pelo PSD, salientou que o local é visitado diariamente por milhares de pessoas, tendo em conta que é um dos principais pontos turísticos da ilha.

Intervenção global nas árvores

A autarca disse aos deputados que o estado das árvores do Largo da Fonte e das áreas circundantes sempre despertou "preocupação", pelo que em Janeiro de 2014 solicitou uma intervenção à Câmara Municipal do Funchal, então liderada pela coligação Mudança, agora transformada em coligação Confiança (PS/BE/JPP/PDR/Nós, Cidadãos!).

"O nosso alerta foi sempre para uma intervenção global nas árvores daquela zona", realçou, vincando que da parte da Câmara as intervenções foram sempre pontuais, o que a levou a solicitar apoio ao Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, em Agosto de 2017, poucos dias antes da queda do carvalho.

No âmbito deste caso, o Ministério Público revelou que foram constituídos arguidos o presidente da Câmara do Funchal, a vereadora com a pasta do Ambiente e o Chefe de Divisão de Jardins e Espaços Verdes Urbanos da autarquia.

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