Equilíbrio entre FC Porto e Sporting estende-se ao mercado de Inverno

Benfica não gastou um cêntimo em contratações e acabou por não ver concretizado o negócio milionário de Embaló. “Dragões” e “leões” guardaram duas surpresas para o último dia.

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Cinco para o Sporting, quatro para o FC Porto, zero para o Benfica. São estas as contas genéricas dos reforços de Inverno entre os três crónicos candidatos ao título em Portugal. No último dia da segunda janela do mercado de transferências 2017-18, os dois primeiros classificados da prova apresentaram elementos para o sector defensivo, enquanto o campeão não investiu um cêntimo na defesa do estatuto. Algo que acontece pela quarta vez desde 2007-08.

Foram argumentos diferentes a guiar o caminho trilhado pelos três “grandes”. No Sporting, Jorge Jesus pediu mais armas para atacar as diversas frentes em que o clube está envolvido e o presidente, Bruno de Carvalho, fez-lhe a vontade. Numa primeira tranche, chegaram a Alvalade Wendel (o mais caro dos reforços, a custar cerca de sete milhões de euros), Rúben Ribeiro e Misic. Fredy Montero juntar-se-ia, pouco depois, à armada leonina (numa espécie de regresso a casa), que ficou completa ontem com a contratação do lateral esquerdo ganês Lumor, ex-Portimonense.

Tudo somado, os “leões” desembolsaram qualquer coisa como 12 milhões de euros e arrecadaram 6,8 milhões, à custa dos empréstimos de Iuri Medeiros e Alan Ruiz e das vendas de Oriol Rosell e Jonathan Silva — no caso do lateral argentino, a cedência à Roma prevê a compra obrigatória do passe no final da época, por 5,2 milhões de euros.

Empréstimo é rei no Dragão

Com um plantel bem mais curto, em matéria de alternativas, do que o do rival, o FC Porto estava “condenado” a ir ao mercado neste período. E a excelente carreira que a equipa está a protagonizar, dentro e fora de portas, limitou-se a acentuar essa necessidade, até porque as lesões (e os castigos) têm retirado margem de manobra a Sérgio Conceição.

Para contornarem o colete de forças financeiro imposto pela UEFA, no arranque da temporada, os “dragões” recorreram ao expediente dos empréstimos. Foi nessa condição que viajaram para o Olival Majeed Waris, um avançado ganês muito versátil cedido pelo Lorient, Paulinho, médio criativo brasileiro do Portimonense, e Yordan Osorio, venezuelano que pertence aos quadros do Tondela. O defesa central foi ontem à noite confirmado como reforço “azul e branco” até ao fim da temporada, ficando o FC Porto com opção de compra. 

O quadro das movimentações de Inverno fica completo com o regresso do ponta-de-lança Gonçalo Paciência, que estava emprestado ao V. Setúbal, e com uma nova cedência, desta vez com origem no Dragão e com Sevilha como destino: o lateral/médio mexicano Layún rumou à Liga espanhola.

Ao contrário dos adversários directos, foi neste dossier, o das saídas, o do escoamento do plantel, que o Benfica mais se empenhou neste período. Pedro Pereira (Génova), Hermes (Cruzeiro), Lisandro López (Inter Milão) e Filipe Augusto (Alanyaspor) foram todos emprestados, enquanto Gabriel Barbosa (que estava cedido aos “encarnados) se despediu em definitivo da Luz, para rumar ao Santos.

Curiosamente, acabou por ser esta também a via encontrada para a única contratação das “águias” em Janeiro: Erdal Rakip, médio sueco que deixou o Malmö a custo zero, entrou por uma porta e saiu pela outra no Seixal. Nos próximos meses, vai representar o Crystal Palace e só na pré-época de 2018-19 terá oportunidade de tentar convencer os responsáveis do Benfica.

Sem retoques, sem negócio

Esta política de contenção não é propriamente uma novidade para os “encarnados”. Se olharmos apenas para a última década, constatamos  que em 2013-14, 2012-13, 2011-12 e 2008-09 também não foram feitos investimentos em reforços para o plantel a meio da temporada. E que a lógica tem sido precisamente a contrária, com vendas avultadas a servirem para equilibrar as contas.

Gonçalo Guedes, Enzo Pérez, Nemanja Matic, Bernardo Silva ou David Luiz são apenas os exemplos mais recentes de encaixes milionários consumados na janela de Inverno. E tudo apontava para um novo negócio de monta por estes dias, com o promissor Úmaro Embaló, de 16 anos, a ter praticamente tudo acertado com o RB Leipzig para uma mudança rumo à Alemanha, a troco de 15 milhões de euros (mais cinco por objectivos). Negociações que acabaram, ontem, por fracassar.

Será neste quadro, de ausência de compras e vendas, que o Benfica completará o calendário competitivo 2017-18, sendo que já só lhe resta o campeonato para discutir. Apoiado na academia do Seixal, como pretende Luís Filipe Vieira, mas sem alternativas imediatas para duas das mais óbvias fragilidades detectadas no elenco às ordens de Rui Vitória: a baliza e o lado direito da defesa.

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