Novo Banco vai ceder colecção de arte a museus nacionais

Acordo entre a instituição bancária e o Governo é assinado nesta segunda-feira.

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Acordo é assinado nesta segunda-feira, no Museu Nacional dos Coches, para onde irá a primeira obra DRO DANIEL ROCHA

O destino da colecção de arte do antigo Banco Espírito Santo (BES) são museus nacionais e vai ser oficializado nesta segunda-feira, com a assinatura de um protocolo entre a administração do Novo Banco (NB) e o ministro da Cultura. A mudança segue a resolução de 2014 que dividiu os activos da instituição entre um "banco bom" (Novo Banco) e um "banco mau", que ficou com os activos "tóxicos". O acordo determina que “o património cultural e artístico do Novo Banco” será disponibilizado “através de parcerias com entidades públicas e privadas, como museus e universidades, de âmbito nacional e regional”, detalha o Diário de Notícias (DN).

Com a assinatura deste acordo entre o Novo Banco e o Ministério da Cultura é também apresentada a marca Novo Banco Cultura. Nela estão quatro colecções distintas do antigo BES: pintura, fotografia, livros e numismática.

O protocolo é assinado às 17h desta segunda-feira, no Museu Nacional dos Coches, em Belém, Lisboa, o primeiro a receber um destes depósitos de longa duração – a tela a óleo Entrada Solene, em Lisboa, do Núncio Apostólico Monsenhor Giorgio Cornaro. A obra é considerada uma das mais importantes do núcleo de 97 obras de pintura portuguesa e europeia do Novo Banco e regressa ao Museu dos Coches, onde esteve durante uma exposição temporária. A obra ficará exposta em permanência no Museu Nacional dos Coches, através de um contrato de depósito.

Este é o início de "um programa de depósito descentralizado da colecção de pintura, colocando à fruição pública 97 obras de relevante valor artístico, em museus espalhados pelo território nacional", descreve um comunicado conjunto do Novo Banco e do Ministério da Cultura, citado pelo DN.

A colecção de pintura do Novo Banco inclui obras dos séculos XVI a XX. De Os Financeiros, atribuída a Quentin Metsys, no século XVI, A Torre de Babel, de meados do século XVII da Escola Flamenga. Dos séculos XIX e XX, destacam-se obras de artistas portugueses como Silva Porto, José Malhoa, Artur Loureiro, Júlio Sousa Pinto, Eduardo Malta, Júlio Pomar, Júlio Resende, Eduardo Viana, Maria Helena Vieira da Silva, Manuel d’Assumpção, Carlos Botelho, Manuel Cargaleiro, Mário Dionísio, Nikias Skapinakis, Ângelo de Sousa, Jorge Pinheiro, Graça Morais e Pedro Croft. O núcleo conta ainda com um conjunto de quatro Portulanos, mapas antigos dos portos conhecidos.

Já da marca Novo Banco Cultura fazem parte colecções de fotografia contemporânea. No total, existem mais de mil obras de 280 artistas de 38 nacionalidades, incluindo artistas portugueses. A terceira colecção diz respeito à biblioteca de Estudos Humanísticos, a chamada Biblioteca de Estudos Humanísticos de Pina Martins, já exposta na Fundação Calouste Gulbenkian, e que se encontra depositada na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Nela constam mais de 1000 livros, entre os quais títulos impressos no século XVI como Utopia, de Thomas More, com texto introdutório de Guillaume Budé, e outras obras raras como uma edição de Os Lusíadas, comentados por Manoel Correa, de 1613 e e edições iniciais de autores como Dante Alighieri, Francesco Petrarca, Erasmo de Roterdão e Thomas More, Damião de Góis, Luís António de Verney e Bernardim Ribeiro encontram-se neste acervo, comprado pelo antigo BES, em 2008, à família do professor e investigador José de Pina Martins (1920-2010), detalha a agência Lusa.

A quarta colecção do Novo Banco Cultura é de numismática, adquirida em 2007. Esta colecção compreende 16.575 exemplares, acompanha a emissão de moeda ao longo de 2000 anos, desde a Antiguidade, antes da fundação da nacionalidade, assim como de toda a História de Portugal, incluíndo emissões de antigas colónias, como Brasil, Índia, Moçambique e Angola, acrescenta a Lusa.

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