Pingue-pongue de Jorge Jesus e José Couceiro acaba em penáltis

Treinadores do Sporting e V. Setúbal anteciparam final da Taça da Liga bem humorados, mas sempre focados na conquista do troféu.

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Hugo Delgado/Lusa

Jorge Jesus e José Couceiro anteciparam a final da Taça da Liga, entre Sporting e V. Setúbal, numa conferência de imprensa de… pingue-pongue, designação encontrada pelo próprio treinador dos "leões" para descrever o modelo de perguntas e respostas comuns escolhido para a antevisão do jogo que definirá o novo campeão de Inverno.

Os técnicos responderam alternadamente e, apesar de defenderam a ideia de uma final com golos, mesmo que venha a acabar nos penáltis, ambos optariam por “subtrair” o goleador adversário da equação, ainda que José Couceiro tenha, depois de amadurecer a ideia, eliminado Bruno Fernandes.

Mas a conferência, muito elogiada por Jesus, também teve momentos de recreação, com bom toque de humor e rasteiras em forma de elogio. Ao convite para ambos traçarem um perfil do adversário, Jesus passou a bola a Couceiro, que sublinhou a faceta de “alguém apaixonado pelo jogo”, “muito focado” e que perante “um objectivo, tudo fará para o conseguir”.

Couceiro aludiu à geração de Jesus, de treinadores que “influenciaram, de uma escola que percebe muito bem o jogo” e que considera “perspicaz na forma como aborda as questões". "Parece alguém que emocionalmente consegue ter a estabilidade suficiente para aguentar estes momentos. E no futebol a inteligência emocional é decisiva”, vincou.

Jorge Jesus alargou o âmbito da avaliação, considerando que o rival nesta final de Braga “é um homem do futebol". "Um antigo jogador que tem uma vantagem em relação a mim: já explorou outras situações, como director-geral, secretário-técnico e até candidato a presidente. Parecendo que não, isso é importante”.

E o que esperam Jesus e Couceiro desta final, para além da conquista do troféu? “Não foi fácil chegar aqui e queremos sair vencedores”, explicou sem rodeios o treinador dos "leões". Já Couceiro reforçou a ideia de uma certa transcendência. “É o jogo decisivo. Quando se chega aqui, independentemente de ser uma equipa mais poderosa ou menos poderosa, todos sonham vencer o troféu. Ninguém parte para a final de outra forma. O pensamento e o sonho são idênticos. Mesmo com recursos diferentes”.

A forma de atingir é que pode ser diferente. E com a polémica instalada em torno da presença de Nélson Pereira atrás da baliza durante a marcação dos penáltis do jogo com o FC Porto, não havia forma de contornar as penalidades máximas. “Quando se ganha por penáltis não é o factor sorte. É a qualidade de quem marca e de quem defende. O Sporting tem um dos melhores guarda-redes do mundo, com alguma queda para defender penáltis e estávamos confiantes. E pegando nas palavras do José Couceiro, o Jorge Jesus é um treinador que faz tudo para ganhar… e foi o que fiz”, rematou.

À margem desta discussão, José Couceiro limitou-se a defender uma ideia clara. “Ninguém pode entrar num jogo destes a pensar no zero-zero. É um erro crasso. Basta ver os jogos do Sporting para avaliar as probabilidades de haver um golo. O normal é haver golos. Anormal é não haver. Há jogos em que podemos até nem conseguir respirar, mas nunca é por opção nossa”, sustenta.

Instados a escolherem um jogador adversário que excluiriam da partida se tivessem esse poder, os treinadores não enjeitaram o desafio. “Gonçalo Paciência. Está a atravessar uma excelente fase. É um miúdo a crescer muito como jogador. Há momentos de jogo que nos dizem que é um futuro ponta-de-lança com qualidade”, apontou Jesus.

Couceiro tentou pagar na mesma moeda e mencionou Bas Dost. “Dá-nos muito trabalho, seria uma possibilidade. Mas talvez opte pelo Bruno Fernandes, um jovem da geração do Gonçalo. Tem estado a apanhar muito bem o que o Jorge lhe pede e cada vez entende melhor o jogo. É defensivamente e ofensivamente forte e tem muito para crescer. Já é de topo, mas tem tudo para ir mais acima”.

Mas como o exercício era de pura ficção e o mais lógico é que ambos sejam titulares, os treinadores voltaram ao jogo e ao pragmatismo que envolveu o recente empate na Liga. “Os jogos têm histórias diferentes. Não sei qual vai ser a deste. Sei qual é que eu gostava, mas o Jorge Jesus tem uma ideia diferente da minha. Ninguém vai abrir o jogo, nem há surpresas ou caixas de Pandora”, sublinhou o treinador do Vitória, sublinhando que o Sporting se mantém invicto.

Jorge Jesus aproveitou para sublinhar os 27 jogos sem derrotas, pedindo a Couceiro que repetisse em voz alta, para que as pessoas não esqueçam.
“Nós estamos há sete jogos sem perder. É uma diferença de vinte”, contornou o “setubalense”, colocando ênfase na resposta do V. Setúbal. “Vivemos um momento crítico e saímos de sete derrotas para sete jogos sem perder. Quem tem este percurso só pode ter um objectivo. Fazer tudo para vencer”.

Perante o jogo mais directo de Couceiro, Jesus perdeu a referência e pediu ajuda. “Qual era a pergunta, já não me lembro. Bem, vou apanhar aqui algumas palavras do Zé: não há muito a esconder. Também é verdade que durante a competição e na final há coisas que vão acontecer para as quais nem o Zé nem eu estamos preparados. Mas que o jogo tenha golos, se possível mais para o lado do Sporting”, reagiu, sem precisar de substituição.

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