O futuro de Hyeon Chung passa pela Austrália

Simona Halep e Angelique Kerber confirmam favoritismo no Open feminino.

Foto
LUSA/JULIAN SMITH

Campeão das Next Gen Finals, que reuniu, em Novembro, os melhores tenistas com menos de 22 anos, Hyeon Chung não é parado nas ruas de Suwon e as raparigas não lhe ligam, “ainda”, brincou o tenista de 21 anos. Quando regressar a casa, talvez a realidade seja diferente, pois Chung é o primeiro coreano a atingir os oitavos-de-final do Open da Austrália – e o primeiro tenista da Coreia a ir tão longe num torneio do Grand Slam desde Hyung-Taik Lee (no Open dos EUA de 2007) – depois de afastar o número quatro mundial, Alexander Zverev.

Na batalha entre os dois mais jovens jogadores ainda em prova no quadro masculino, Chung (58.º) confirmou o seu valor terminando o encontro de 3h22m em total domínio, para vencer, por 5-7, 7-6 (7/3), 2-6, 6-3 e 6-0. “Foi muito difícil, jogámos a um alto nível. As condições eram difíceis também. Tentei apenas estar calmo o tempo todo e manter-me relaxado. Essa foi a chave”, resumiu Chung que, para quem não conhece, usa óculos, nos dias em que compete prefere comida chinesa à coreana, que é muito pesada, e preparou-se em Banguecoque (Tailândia), com outros jogadores, durante três semanas: “O tempo é muito quente, como em Melbourne.”

Zverev ganhou somente cinco pontos no derradeiro set e continua com um mau registo em encontros longos; só ganhou metade dos que foram além do terceiro set. E em 10 dos últimos 11 torneios dos Grand Slam não conseguiu chegar à segunda semana. “O problema no quinto set não foi físico, mas tenho de fazer alguma coisa. Aconteceu aqui, em Wimbledon e em Nova Iorque. Ainda sou novo, tenho tempo para aprender”, frisou o alemão de 20 anos.

Chung terá um encontro mais complicado nos oitavos-de-final, diante de Novak Djokovic (14.º). Mas será igualmente um teste para o sérvio, que recebeu assistência médica no início do segundo set, antes de derrotar Albert Ramos Vinolas (22.º), por 6-2, 6-3 e 6-3. “Desta vez tenho de ser mais humilde com as minhas expectativas, porque não compito há seis meses, mas estou muito contente com o nível em que o meu jogo está neste momento”, disse Djokovic, que assinou 37 winners e ganhou 80% dos pontos disputados no seu primeiro serviço.

No duelo entre dois dos mais possantes jogadores do circuito, Tomas Berdych (20.º) impôs-se a um apagado Juan Martín Del Potro (10.º): 6-3, 6-3 e 6-2. O checo de 32 anos somou 20 ases de um total de 52 winners, mas teve de aplicar-se para fechar o encontro, após Del Potro salvar dois match-points com dois ases, a 0-5.

Na ronda seguinte, Berdych enfrenta Fabio Fognini (25.º) que se juntou a Andreas Seppi nos "oitavos"; desde o torneio de Roland Garros de 1976 que não havia dois italianos nesta fase de um Grand Slam (Adriano Panatta e Corrado Barazzutti).

Na sessão nocturna, Roger Federer voltou a dominar Richard Gasquet, somando a 10.ª vitória consecutiva sobre o francês sem perder um set. O melhor que Gasquet conseguiu foi um único break, a 2-4 do terceiro set, mas não evitou que o suíço ganhasse, por 6-2, 7-5 e 6-4.

Federer tem agora pela frente um estreante, Marton Fucsovic (80.º). O húngaro de 25 anos é o primeiro do seu país a chegar aos "oitavos" de um Grand Slam desde Balazs Taroczy, em 1984 (Roland Garros), após eliminar, por 6-3, 6-3 e 6-2, o argentino Nicolas Kicker (93.º), que entrou igualmente no top 100 em 2017. Oito anos depois de ter ocupado o primeiro lugar do ranking mundial júnior (nesse ano, venceu Wimbledon nesse escalão), Fucsovic vai defrontar um top 10 apenas pela segunda vez na carreira (perdeu com Marin Cilic no ano passado).

Também nos "oitavos", Dominic Thiem (5.º) encontra Tennys Sandgren (97.º), o norte-americano com mais baixo ranking a chegar tão longe no Open australiano desde 1993 (Kelly Jones e Chris Garner).

No torneio feminino, Simona Halep deu novamente sinais de ser uma enorme competidora, ao lidar com as dores e com a norte-americana Lauren Davis (76.ª), salvando três match-points, antes de vencer, por 4-6, 6-4 e 15-13, ao fim de 3h45m – só o derradeiro set durou mais de duas horas.

“Estava um pouco frustrada por causa da perna. Senti dores durante todo o encontro mas não desisti. Claro que agora sou mais forte mentalmente, o que me faz muito feliz e penso que a maior vitória é ter conseguido lidar com isso”, disse a líder do ranking, após o mais longo na história do torneio em número de jogos (48) – igualando o de 1996, entre Chanda Rubin e Arantxa Sanchez Vicario.

A próxima adversária de Halep é uma estreante nesta fase em Grand Slams, Naomi Osaka (72.ª). A japonesa de 20 anos assinou 12 ases de um total de 24 winners para eliminar a última representante da Austrália, Ashleigh Barty (17.ª), por 6-4, 6-2.

No muito aguardado duelo entre duas ex-campeãs do Open da Austrália e ex-líderes do ranking, ambas de 30 anos, Angelique Kerber (16.ª) confirmou o excelente momento de confiança e afastou Maria Sharapova (48.ª), por 6-1, 6-3. “Quem me conhece sabia que eu ia voltar depois de 2017. Trabalhei tanto!”, admitiu a alemã, que caiu para fora do top 20 após uma má época.

Campeã em Sydney, Kerber continua imbatível neste ano e apresentou-se em Melbourne muito consistente, em contraste com Sharapova, que acumulou 26 erros não forçados, contra apenas sete da alemã e apenas mais três winners (15 contra 12).

Kerber vai agora defrontar a chinesa Hsieh Su-Wei (88.ª), que eliminou Agnieszka Radwanska (35.ª), por 6-2, 7-5. Igualmente nos oitavos-de-final, Karolina Pliskova (6.ª) mede forças com Barbora Strycova (24.ª) e Caroline Garcia (8.ª) defronta Madison Keys (20.ª).

Sugerir correcção
Comentar