À entrada para qualquer campeonato, todos os participantes entram com zero pontos e o avançar das jornadas encarrega-se de ir marcando as diferenças. Na Liga portuguesa, chegou-se a metade (em rigor, ainda falta um par de jogos) e já dá para perceber que este é, claramente, um campeonato de 4+14, ao ponto de o quinto classificado estar mais perto do 18.º e último do que do primeiro. Na frente, são os mesmos quatro da época passada, mas por ordem diferente, porque há duas equipas que estão muito melhor, uma que está ligeiramente pior e outra que está a aguentar bem o ritmo.

Pode não ter a maior evolução em relação às mesmas 17 rondas de 2016-17, mas já é claro que este está a ser o melhor FC Porto dos últimos anos. A equipa de Sérgio Conceição fez uma primeira volta quase perfeita, com apenas três empates, e é líder com 45 pontos, mais sete que o FC Porto de Nuno Espírito Santo (que era segundo por esta altura) e mais cinco do que as duas equipas de Julen Lopetegui, sendo que o espanhol saiu à 16.ª jornada na sua segunda temporada. Tem o melhor ataque (45 golos marcados) e a melhor defesa (nove sofridos), para além de ter dois jogadores no “top-5” dos goleadores — Aboubakar e Marega, ambos com 14 golos.

A maior evolução pertence, no entanto, ao Sporting, que voltou ao nível da primeira época com Jorge Jesus. Os “leões” chegam a meio do campeonato com 43 pontos, mais nove que em 2016-17, e apenas menos um que em 2015-16, quando eram líderes a meio da época. Tal como o FC Porto, o Sporting chega a meio da temporada sem derrotas no campeonato (nem nas restantes provas nacionais) e com o terceiro melhor ataque e a segunda melhor defesa. Bas Dost segue num ritmo goleador impressionante e até já leva mais golos do que em igual período na época passada — tinha 13 golos no final da primeira volta em 16-17, agora tem 16.

Perto do nível da época passada segue o Benfica, com 40 pontos, o que não é muito menos que os 42 da época passada, sendo que a diferença está na classificação. Os “encarnados” eram líderes, agora estão em terceiro lugar. A equipa de Rui Vitória fez uma primeira volta igual à de 2015-16, numa época em que chegaria ao título graças a uma segunda volta com 48 pontos em 51 possíveis. O ataque “encarnado” é o segundo do campeonato — 40 golos, metade dos quais de Jonas, que só não marcou em duas jornadas —, enquanto a defesa, com toda a rotação forçada que Vitória tem feito, é a terceira.

Como tem sido habitual nas últimas épocas, o Sp. Braga anda perto dos lugares da frente. Depois de um arranque difícil, com três derrotas nas cinco primeiras jornadas, a equipa de Abel Ferreira estabilizou nos resultados e conseguiu dez triunfos nos 12 jogos seguintes, sendo que, dos cinco jogos que não venceu, três foram com os três que seguem à sua frente, derrotas com FC Porto e Benfica, empate com o Sporting. Os bracarenses têm 37 pontos, o que não representa uma melhoria substancial em relação a 2016-17 (36), sendo que desta vez estão em quarto, algo que pode mudar já na próxima jornada, dependendo do que fizerem na recepção ao Benfica. As estatísticas são de acordo com a posição: quarto melhor ataque e quarta melhor defesa, e, não tendo um super-goleador no campeonato, tem cinco jogadores que já marcaram por quatro vezes.

Olhando para as dez épocas anteriores, a liderança no final da primeira volta significa quase sempre o título no final do campeonato. Só não o foi por três vezes neste período. Em 2009-10, era o Sp. Braga que liderava a meio do campeonato (em igualdade pontual com o Benfica) e levou a luta até à última jornada, mas as “águias” ficaram com o título. Depois, em 2011-12, o Benfica comandava no final da primeira volta, mas foi o FC Porto quem foi campeão. Em 2015-16, era o Sporting a liderar, mas o Benfica acabou por levar a melhor no final.

As diferenças entre os quatro primeiros são relativamente pequenas e tudo pode mudar de uma jornada para a outra, sendo que os confrontos directos praticamente só têm dado empates (as excepções são os triunfos de FC Porto e Benfica sobre o Sp. Braga). Mas já há um fosso bastante significativo entre os quatro primeiros e a restante concorrência. Marítimo e Rio Ave já levam dez pontos de atraso em relação aos arsenalistas, sendo que ambos estão ligeiramente melhor que em 2016-17 — mais um no caso dos madeirenses, mais três em relação aos vila-condenses.

Seguem-se Vitória de Guimarães e Desportivo de Chaves, ambos com 23, sendo que os minhotos estão muito piores que na época passada — tinham mais oito pontos. Pior que este Vitória, só o outro, que tinha 22 pontos ao fim da primeira volta da época passada, e que em 16 jornadas desta (joga nesta terça-feira em Tondela), tem apenas 11. Mas estar em último a metade do campeonato não quer dizer nada — o Tondela era o “lanterna vermelha” na época passada e salvou-se — e as equipas da segunda metade da tabela estão demasiado próximas umas das outras.