Benfica sofre o dobro em lances de bola parada

Dos 33 golos concedidos pela equipa de Rui Vitória em todas as competições, 42% surgiram na sequência de pontapés de canto, lançamentos laterais, livres directos ou indirectos, e penáltis

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42 por cento dos golos sofridos pelo Benfica na presente temporada resultam de lances de bola parada LUSA/JOSE COELHO

Não há uma receita para sair vencedor de um derby, mas há maneiras de preparar uma equipa para ficar mais perto do triunfo. Tirar proveito dos lances de bola parada – e nem sequer é preciso ser através das jogadas ditas “de laboratório” – é um dos recursos mais eficazes para decidir jogos pautados pelo equilíbrio, como costumam ser as partidas a envolver candidatos ao título no campeonato português. Nesse capítulo o comportamento de Benfica e Sporting na presente temporada está a ter diferenças assinaláveis, sobretudo no que diz respeito ao desempenho defensivo.

Os dois rivais chegam ao duelo desta noite com registos distintos: no acumulado até ao momento, em todas as competições, o Sporting marca mais (62 golos contra 51 do Benfica) e sofre menos (22 golos contra 33 dos “encarnados”). E os “leões” também estão em ligeira vantagem na concretização após lances de bola parada. A equipa de Jorge Jesus apontou 19 golos (31% do total) na sequência de cantos, lançamentos laterais, livres directos ou indirectos, e penáltis, contra 18 (35%) marcados pelo Benfica.

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As diferenças ficam vincadas nos golos sofridos de bola parada, onde a equipa de Rui Vitória tem sentido problemas. Os “encarnados” encaixaram 14 golos (42% do total) desse tipo, nos jogos de todas as provas que disputaram, enquanto os “leões” limitaram os estragos provocados pelos adversários na sequência de cantos, lançamentos laterais, livres directos ou indirectos, e penáltis a sete golos (32%).

“As bolas paradas são mais um momento de jogo. Fazemos o nosso trabalho como todas as equipas fazem. O Sporting tem bons batedores, bons cabeceadores”, sublinhava Jorge Jesus há poucas semanas, após o triunfo no terreno do Boavista (1-3), uma partida na qual os “leões” fizeram dois golos no seguimento de bolas paradas, ambos por Bas Dost: primeiro foi rápido a reagir, após um cabeceamento de Mathieu ao poste na sequência de um canto de Bruno Fernandes, e os protagonistas repetiram-se mais tarde, num livre marcado pelo português, que o francês desviou e o holandês encostou para o fundo da baliza.

A competência “leonina” nos lances de bola parada poderá representar uma ameaça à defesa do Benfica, que tem-se mostrado muito permeável quando é testada nesse tipo de situações. O facto de 42% dos golos sofridos terem origem em pontapés de canto, lançamentos laterais, livres directos ou indirectos, e penáltis são uma preocupação por aquilo que representam: a falta de coordenação entre guarda-redes e quarteto defensivo. Rui Vitória já utilizou três guardiões e um total de oito futebolistas nas quatro posições da defesa. Apesar de Jorge Jesus ter recorrido apenas a dois guarda-redes, o técnico “leonino” fez mais experiências na defesa, sobretudo nos jogos das taças, tendo chegado aos 11 jogadores nas posições defensivas. Contudo, as maiores dificuldades do Sporting nas bolas paradas até foram na Liga dos Campeões, com quatro golos sofridos dessa forma. No campeonato os “leões” foram batidos três vezes na sequência desse tipo de lances (duas vezes após canto e uma de penálti).

Os três jogos disputados pelo Benfica na Taça da Liga são ilustrativos das dificuldades dos “encarnados” a defender lances de bola parada. A equipa de Rui Vitória sofreu um total de cinco golos na competição, todos eles marcados na sequência de pontapés de canto ou livres. “Na primeira parte não fomos eficazes em termos defensivos. Em duas bolas paradas o V. Setúbal faz dois golos”, lamentava o treinador do Benfica, após o empate 2-2 no Bonfim, um jogo no qual os “encarnados” entraram já sem hipóteses de qualificação e que perdiam por 2-0 ao intervalo. Dias antes, na Luz, o Benfica (com um “onze” razoavelmente próximo do que poderá ser apresentado esta noite) vencia o Portimonense por 2-0 após a primeira parte, mas no segundo tempo permitiu o empate em dois lances de bola parada.

A ausência de Luisão (1,93m) é uma dor de cabeça adicional para Rui Vitória, por retirar centímetros a uma defesa que terá de lidar com lances de bola parada e com a altura de Bas Dost. O goleador holandês do Sporting mede 1,96m e esta noite irá contar com a oposição de uma dupla central que sairá do grupo formado por Rúben Dias (1,87m), Jardel (1,92m) e Lisandro López (1,87m).

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