As crianças decidem no Netflix

O serviço de streaming já tem no seu catálogo séries interactivas para o público infantil e o Gato de Botas é uma delas.

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Todos sabemos que as nossas escolhas afectam o nosso destino. Tal como na vida, acontece agora na ficção… se estivermos a assistir, por exemplo, ao Gato de Botas - Preso num conto épico, uma série interactiva infantil disponível no Netflix. Nela são as escolhas dos espectadores que influenciam o destino do famoso gato. Quem está assistir vai optando por um ou outro caminho que lhe é apresentado. Assim a história vai prosseguindo e é diferente consoante as decisões tomadas.

“Uma das maneiras que temos de mudar a forma de se contar histórias é não pensar numa história como sendo linear, mas dar ao público a oportunidade de influenciar a forma como essa história se desenrola”, explica Greg Peters, director de produto deste serviço de streaming num evento em Berlim. Além deste episódio do Gato de Botas, têm também disponível Buddy Thunderstruck: A Pilha do Talvez e irão lançar Stretch Armstrong: The Breakout em 2018. As três são séries infantis porque o Netflix já percebeu que as crianças gostam e estão interessadas neste tipo de interactividade e de experiências, mas ainda não percebeu se os adultos também estarão.

Ainda há problemas técnicos a resolver, a interactividade só funciona quando se está a assistir a estas séries numa Smart Tv, numa consola ou em aparelhos com iOS. O site do Netflix, aparelhos Android, o Chromecast ou a Apple TV não são compatíveis com os conteúdos interactivos e nesse caso só se tem acesso a uma versão linear do episódio, sem possibilidade de se realizarem escolhas.

A interactividade com quem está a assistir ainda é muito básica e quando perguntámos a Greg Peters o que poderemos esperar no futuro, o seu palpite é que essa interactividade “não irá no mesmo sentido dos jogos de vídeo. Estes são os conteúdos mais interactivos, estamos constantemente a contribuir para a jogada. Não é isso que nós estamos a querer seguir porque isso são jogos e existem companhias que o fazem muito bem. Não é esse o nosso objectivo.”

Estão a tentar perceber “se uma forma simples de interagir com o conteúdo melhora a forma como se conta uma história. Talvez se consiga mudar o caminho da história sem ter interacção, ainda não sabemos, por isso ainda estamos a tentar explorar e perceber em que direcção se vai”, acrescenta. As escolhas poderão acontecer num ecrã, ao nível dos olhos e com o olhar, com menos controlos remotos. Mas será sempre algo que “se sente como um programa de televisão ou um filme que tem opções múltiplas e diferentes caminhos através da narrativa, que como espectadores podemos descobrir”.

Já estão a fazer experiências com realidade virtual, não a nível dos conteúdos do serviço de streaming mas promocionalmente e para perceberem como a tecnologia funciona. “Mas não é ainda muito claro hoje se a realidade virtual vai evoluir para uma coisa mais relacionada com os jogos de vídeo ou se estará mais relacionada com programas de televisão e filmes. A nossa posição neste momento é esperar e ver como é que o sistema evolui ao longo do tempo. É ainda demasiado cedo”, conclui Greg Peters. Vamos então esperar para ver.

O PÚBLICO viajou a convite do Netflix

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