Palavras, expressões e algumas irritações: dinheiro

A palavra “guito” como sinónimo de “dinheiro” foi recuperada pelo caso Raríssimas. A expressão “vil metal” continua válida, porque se acredita (e verifica) que o “dinheiro corrompe”. Mesmo se obtido através de donativos.

Todos sabemos o que é “dinheiro”, mas o dicionário esclarece-nos com rigor: “Meio de troca, sob a forma de moedas ou notas, usado na aquisição de bens, na compra de serviços, de mão-de-obra, ou noutras transacções financeiras, emitido pelo governo de cada país.”

Mais nos ensina, que é um substantivo masculino que provém do latim denariu, “moeda de prata que valia dez asses”. Um “asse” correspondia a “uma moeda de cobre e unidade de medida de peso, entre os romanos”.

Há um sinónimo de origem popular, “guito”, que esta semana foi recuperado através da divulgação de emails de Paula Brito e Costa enquanto presidente da associação Raríssimas e a propósito da contratação de Manuel Delgado como consultor: “Como sabes, estive com o Dr. Manuel Delgado, e ele aceitou ir para a Casa dos Marcos [...]. Vai custar-nos 200 mil, é muito, mas eu sei que ele põe a casa no mapa do mundo e a fazer dinheiro!!!! Ele diz que o guito há-de aparecer.”

Há duas expressões que se adequam a este caso: “dinheiro fácil” — o que “se obtém geralmente por meios desonestos, sem esforço” — e “atirar/deitar dinheiro à rua”, que significa “gastar sem critério, esbanjar”.

Também a “riqueza” de Isabel dos Santos teve tempo de antena por estes dias, ao noticiar-se que a empresária transferiu 238 milhões de euros da Vidatel no BPI para contas pessoais, sete horas antes de a conta ser congelada.

“Dinheiro como milho”, diz o dicionário, ou seja, “muito dinheiro”. O oposto de “dinheiro de sardinhas”, isto é, “o que se recebe em pequenas prestações como pagamento de uma dívida”.

Remetendo para tempos anteriores ao papel-moeda, a expressão “vil metal” continua válida. Porque se acredita (e verifica) que o “dinheiro corrompe”. Mesmo se obtido através de donativos.

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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