Cartas ao director

Não são Raríssimas...

‘’Portugal é uma choldra!’’, disse o sempre actual e luminoso escritor, Eça de Queiroz. A Polícia Judiciária investiga a presidente da Raríssimas - Instituição Particular de Solidariedade Social, por (alegada) gestão danosa de muitos milhares de euros em benefício próprio. Recebe 6000 euros mensais, muito além do que determina a lei, de salário, subsídios e mordomias, enquanto os trabalhadores de base auferem o salário minimíssimo nacional. O marido e filho têm chorudos vencimentos. No Reino Unido, num quadro idêntico, um homem e seu filho criaram despesas falsas, tendo sido condenados a 15 anos de prisão. Cá, apuram-se responsabilidades, julga-se e condena-se. Os condenados recorrem da sentença e a demora é tanta que o crime prescreve.  É a Justiça que não é cega no seu pior…

Não são raríssimas as denúncias contra estas organizações e as suas contas devem ser auditadas até ao cêntimo. Esta IPSS, só este ano, já recebeu cerca de 900.000 euros! Um euro doado pelo Estado (por nós) não pode ser roubado! A Raríssimas apoia uma vertente da população muito fragilizada, com doenças raras e atrasos mentais. Quem dirige estas associações tem de ser rigorosamente escrutinado. Quem é mais deficitário em termos de saúde exige mais apoio - sério e por gente capaz de servir (não servir-se) e com asseio moral. Quem rouba o Estado Social tem de ser condenado - exemplarmente.

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

 

Nós somos assim!

Os portugueses são duma maneira geral, solidários, gostam de auxiliar quem está em dificuldades, nas catástrofes, nos desastres de estrada, de mar ou onde for, combatem fogos e dão alimentos e roupas para os mais necessitados, sem esperaram agradecimentos, favores ou pagamentos. Somos assim.

Foi noticiado que a Santa Casa de Lisboa vai doar os lucros, de uma semana, dos jogos sociais para distribuir pelas vítimas dos incêndios deste ano. Um gesto muito bonito, mas que denuncia a pobreza das nossa instituições; estamos sempre à espera dum mecenas que substitua o Estado das suas obrigações; este gesto mostra o quanto pelintras somos, o quanto dependemos de um Estado velho e relho, sem chama, sem fulgor, sem protecção pública. 

Duarte Dias da Silva, Lisboa

 

Três mil anos de história

Disse Benjamim Netaniahu que Jerusalém era a capital de Israel há 3000 anos. Como não é possível que desconheça tanto a história do seu país temos de concluir que ele mente julgando que nós somos todos ignorantes.

Para não aprofundar muito a questão, basta dizer que durante o domínio romano Israel não era independente pertencendo à provincia da Síria-Palestina, Apenas durante o reinado de Herodes (que era um rei sob protectorado) Jerusalém foi a capital de Israel

Acrescente-se que, como toda a gente sabe, desde antes das cruzadas até ao fim da Primeira Guerra Mundial, a Palestina (onde fica Israel) era árabe e Jerusalém não era capital de coisa nenhuma. Já temos aqui alguns séculos a descontar aos 3 milénios e mais haveria a descontar se houvesse espaço para isso.

Carlos Anjos, Lisboa

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