Dongfeng sem concorrência na In-Port Race da Cidade do Cabo

A terceira regata costeira da Volvo Ocean Race contou com a participação dos velejadores portugueses Frederico Melo e António Fontes.

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Um mês e cinco dias depois de o rio Tejo ter sido palco da segunda regata costeira da Volvo Ocean Race (VOR) 2017-18, a terceira In-Port Race da 13.ª edição da prestigiada prova de barcos à vela à volta do mundo disputou-se a mais de seis mil milhas náuticas da capital portuguesa. Depois de a MAPFRE vencer em Espanha e a Team Brunel em Portugal, na África do Sul foi a vez de a Dongfeng mostrar toda a sua qualidade. A equipa franco-chinesa superou a concorrência por uma larga diferença e marcou uma posição forte para a terceira etapa, onde os Volvo Ocean 65 vão pela primeira vez deparar-se com os inóspitos mares do Oceano Índico Sul.

Após a frustração de deixar fugir a vitória na segunda etapa da VOR no último terço da corrida, a Dongfeng, de Charles Caudrelier, teve nesta sexta-feira na Cidade do Cabo a injecção de moral de que necessitava antes de partir no domingo rumo à Austrália, na sempre difícil e imprevisível travessia do Índico Sul. Com condições atmosféricas quase perfeitas – sol e cerca de 20 nós de vento –, a equipa patrocinada pela Dongfeng Motor Corporation esteve irrepreensível e concluiu a prova com mais de dois minutos de vantagem sobre a MAPFRE. No final, Caudrelier destacou o “fantástico trabalho” da sua equipa. “O início não foi perfeito, mas depois tomámos as decisões correctas, conseguimos colocar pressão no Vestas e atingimos uma boa velocidade, o que se revelou decisivo”, afirmou o skipper bretão, que no currículo conta com vitórias na Solitaire du Figaro (2004), na Transat Jacques Vabre (2009 e 2013) e na Volvo Ocean Race (2011-12). 

Na terceira posição terminou a AzkoNobel, seguida da Vestas, que, após liderar no início, teve problemas depois de contornar a última bóia, perdendo dessa forma a vice-liderança. Com uma equipa muito jovem e inexperiente, o Turn the Tide on Plastic, barco com bandeira de Portugal e das Nações Unidas, teve os primeiros motivos para festejar na estreia na VOR. Com o velejador olímpico português Frederico Melo a bordo, a equipa apoiada pela Fundação Mirpuri terminou as duas primeiras regatas costeiras na última posição, mas a Cidade do Cabo não se revelou um tormento para o único Volvo Ocean 65 liderado por uma mulher. Denotando uma clara evolução, a tripulação comandada pela britânica Dee Caffari fez um percurso consistente e conseguiu superar a Team Brunel de Bouwe Bekking e Peter Burling. Penalizada logo na primeira bóia, a Scallywag, que tem a bordo nesta terceira etapa António Fontes – o português substitui Steve Hayles – nunca conseguiu recuperar do atraso inicial e terminou na última posição.

Com estes resultados, a MAFPRE mantém a liderança na classificação das In-Port Race series, com 19 pontos, mas tem agora um ponto de vantagem sobre a Dongfeng. Apesar de não contar para a classificação final da VOR, a classificação in-port pode revelar-se decisiva no final, já que servirá como primeiro critério de desempate caso haja equipas em igualdade pontual no final da competição.

Ainda antes de entrarem na água para a In-Port Race, os skippers das sete equipas que competem na VOR 2017-18 fizeram a antevisão da terceira regata, que ligará a partir de amanhã a Cidade do Cabo e Melbourne, na Austrália, e houve um tema incontornável: a chegada ao temível e agreste Oceano Sul. Charles Caudrelier, líder da franco-chinesa Dongfeng, reconheceu que depois de duas etapas em que a equipa mostrou ritmo e velocidade, mas não venceu, haverá “alguma pressão”, esperando uma “corrida rápida” com “muito vento na primeira semana”. “Foi bom termos uma semana de descanso. Estaremos preparados e esperamos que à terceira seja de vez”, referiu o velejador francês.

Do lado da Team Vestas, que venceu a etapa inaugural entre Alicante e Lisboa, o norte-americano Charlie Enright reconheceu que a terceira etapa da VOR terá uma importância acrescida por ter pontuação a dobrar, “o que torna tudo mais interessante”, mas garantiu que isso não terá qualquer “influência na forma como a equipa velejará”. Líder da classificação, após um segundo (Lisboa) e um primeiro lugares (Cidade do Cabo), o basco Xabi Fernández salienta que para a MAPFRE “foi importante terminar na frente” na chegada à África do Sul, deixando o desejo de encontrar ventos fortes no trajecto para a Austrália: “Quanto mais rápida for a corrida, melhor para nós”.

O PÚBLICO viajou a convite da Dongfeng Race Team

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