A fúria da “roja” continua viva
Portugal não tem sido feliz nos embates frente à Espanha com o Mundial como pano de fundo.
O primeiro capítulo dos confrontos oficiais entre as duas selecções ibéricas ocorreu a 11 de Março de 1934, na corrida para o Mundial de Itália. Foi catastrófico para Portugal. Uma goleada por 9-0, no Estádio Chamartín, em Madrid, deixava bem vincadas as diferenças entre os dois conjuntos. Uma semana depois, na segunda partida em Lisboa, a selecção nacional, comandada por Ribeiro dos Reis, evitou nova humilhação, mas voltou a perder, agora por uns mais digeríveis 2-1.
A Espanha acabou por apurar-se pela primeira vez para uma fase final da competição da FIFA e repetiria a façanha mais 14 vezes, já contando com a presença no Mundial da Rússia do próximo ano. Mas teve de aguardar até 2010 para se tornar no oitavo país a conquistar o título em 20 edições já disputadas, coroando uma das grandes gerações do seu futebol.
Os dois adversários haveriam de defrontar-se novamente no apuramento para o Mundial do Brasil de 1950, com a história a repetir-se. Nova goleada na capital espanhola, por 5-1, agora no novo Chamartín, e um empate a duas bolas no Jamor. A Espanha seguiria para a América do Sul; Portugal teria de esperar mais 16 anos para estrear-se no grande torneio.
Bem mais equilibrado seria o único encontro entre as duas selecções numa fase final. Precisamente na competição disputada na África do Sul, que iria entronizar a “roja”. Um golo solitário de David Villa, aos 63’, afastou o conjunto de Cristiano Ronaldo da prova. Este foi também o único golo sofrido por Portugal em toda a competição.
Oito anos depois, Portugal volta a ter a oportunidade de contrariar a Espanha no maior torneio de futebol mundial (a história nos Europeus é bem diferente). Mas terá pela frente uma equipa que se apresenta na Rússia como um dos mais fortes candidatos à final e à conquista do troféu. É verdade que a equipa de Julen Lopetegui já não é aquela que dominou por completo o mundo do futebol entre 2008 e 2012, com a conquista de dois Europeus e um Mundial pelo meio.
A estes grandes êxitos seguiu-se uma ressaca dolorosa, com a eliminação na fase de grupos no Mundial do Brasil, em 2014 (onde foi banalizada pela Holanda, que lhe impôs uma derrota por 5-1), e a eliminação nos oitavos-de-final do Euro 2016, frente à Itália, por 2-0.
Desempenhos medíocres que estimularam um período de reflexão e alguma renovação, mas não uma ruptura com o passado. O ex-treinador do FC Porto Julen Lopetegui rendeu o seu compatriota Vicente del Bosque no banco e recuperou a confiança da “roja” na fase de apuramento para o Mundial. Num grupo que incluía a Itália, os espanhóis venceram confortavelmente, com nove triunfos e um empate, somando 36 golos e sofrendo apenas três.
Lopetegui manteve alguma veterania, com Sérgio Ramos, Piqué, Busquets, Iniesta e David Silva (todos presentes na África do Sul), mas equilibrou com sangue novo, fixando vários jogadores que conquistaram o Europeu de sub-21, em 2013, com o basco como seleccionador. Isco é um caso de particular sucesso, sendo uma das grandes vedetas actuais da selecção espanhola.
BI
Seleccionador: Julen Lopetegui
Presença em Mundiais: 14
Melhor classificação: 1.º lugar em 2010
Ranking FIFA: 6.º
Resultados últimos 10 jogos: 9V 1E 0D
Espanha- Liechtenstein, 8-0
Itália-Espanha, 1-1
Albânia-Espanha, 0-2
Espanha-Macedónia, 4-0
Espanha-Israel, 4-1
Macedónia-Espanha, 1-2
Espanha-Itália, 3-0
Liechtenstein-Espanha, 0-8
Espanha-Albânia, 3-0
Israel-Espanha, 0-1