Pouille contraria estatísticas e é o novo herói francês

França confirmou superioridade sobre a Bélgica e conquistou a Taça Davis pela 10.ª vez.

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LUSA/YOAN VALAT

Lucas Pouille nunca tinha disputado o quinto e decisivo encontro na Taça Davis e vinha de duas derrotas na prova: na sexta-feira, frente a David Goffin, e nas meias-finais, em Setembro, com o sérvio Dusan Lajovic, também em Lille, onde a França discutiu o título com a Bélgica. Mas, após David Goffin ter igualado a 2-2, foi ele a merecer a confiança do capitão Yannick Noah para o derradeiro singular e o francês de 23 anos não desiludiu, realizando uma exibição perfeita para dar a 10.ª “saladeira” à França, a primeira desde 2001.

A Bélgica já tinha recuperado de 1-2 na Taça Davis por 14 vezes, duas delas frente à França, e a última, em Setembro, na recepção à Austrália. A vitória de Goffin sobre Jo-Wilfred Tsonga abriu o caminho para uma proeza semelhante. Por seu lado, o belga Steve Darcis, actual 76.º no ranking, é conhecido pelo “Monsieur Quinto Set”, depois de decidir cinco eliminatórias a favor da Bélgica no derradeiro singular, entre 2009 e Setembro último. Mas foi um Pouille (18.º) muito eficaz que entrou no court instalado no Stade Pierre-Mauroy e desde muito cedo mostrou ser superior ao rival.

Um break logo na primeira vez que Darcis serviu colocou o francês no comando. E um novo break na quarta oportunidade de que Pouille dispôs num longo terceiro jogo do segundo set, repetindo a proeza dois jogos mais tarde, para liderar por 4-1, permitiu-lhe assumir o controlo do encontro, concluído ao fim de hora e meia, com os parciais de 6-3, 6-1 e 6-0. “A espera foi longa, estava muito tenso nos vestiários. Tinha bastante vontade de dar tudo e colocar as emoções de lado para conquistar o troféu”, disse Pouille.

David Goffin apenas perdeu dois sets nos seis encontros que realizou este ano na Taça Davis e a vitória sobre Tsonga, por 7-6 (7/5), 6-3 e 6-2, confirmou o excelente final de época do actual número sete do ranking mundial.

Tsonga não aproveitou os seis break-points de que dispôs no set inicial. Nos dois seguintes, teve ainda mais quatro, mas foi ao fim de 1h43m que se registou a primeira quebra de serviço, a favor de Goffin. “David está com confiança e este fim-de-semana não foi excepção. No primeiro set, gastei muitas oportunidades, mas joguei bem”, vincou Tsonga.

Se Pouille foi o herói, Yannick Noah foi o líder que continua a fazer história. Em 1983, em Roland Garros, Noah terminou com o jejum de 37 anos sem campeões franceses em singulares masculinos no Grand Slam e, agora, pôs fim a 16 anos sem a conquista da Taça Davis, com decisões polémicas: a escolha de Richard Gasquet para o encontro de pares, variante na qual não é especialista, e a opção por Pouille, menos experiente, para o singular decisivo.

“Acho que estava escrito que o Lucas devia ganhar aqui, em casa. Fez um encontro fantástico”, disse Noah, antes de frisar: “Aprendemos muitas coisas e é isso que é bom. Ganhámos juntos, em equipa. Tenho sorte, porque tenho um grupo apaixonado”.

Com o 10.º título na Taça Davis, criada em 1900, a França iguala a Grã-Bretanha, mas continua ainda distante dos EUA (32 triunfos) e da Austrália (28).

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