Mais de cinco década depois de a equipa espanhola Canoe Rugby Club conquistar, em Madrid, a primeira edição da Taça Ibérica masculina de râguebi, o Sporting será o representante português na primeira edição da prova na variante feminina, que voltará a ter como palco a capital espanhola. A equipa leonina, campeã nacional na variante de sevens, vai defrontar neste domingo, a partir das 11h, o Olimpico Pozuelo CR, clube que na temporada passada venceu o campeonato espanhol de XV e que cedeu cinco atletas (Isabel Rico, Ana Aigneren, Elena Redondo, Patrícia Garcia e Irene Schiavon) à selecção de Espanha que esteve presente no Mundial 2017, prova que se disputou em Agosto, na Irlanda.

Após disputar neste ano jogos na variante de XV em Perpignan (USAP), Corunha (CRAT) e Paris (Stade Français), a participação na 1.ª edição da Taça Ibérica feminina cumpre o desejo dos responsáveis pelo râguebi feminino do Sporting de colmatar a ausência de competição interna na variante de XV com partidas internacionais.

Em declarações ao PÚBLICO, Rafael Lucas Pereira,  principal responsável pelo projecto de râguebi sportinguista, admitiu que “o passo seguinte” poderá ser a participação numa “competição europeia de clubes”, e João Tiago Silva, director do râguebi do Sporting, reforça a ambição dos “leões”: “Sempre foi nosso objectivo disputar um título internacional.” Embora reconheça que “os primeiros passos são sempre os mais complicados”, o dirigente considera que “outros, mais complicados e porventura ainda mais históricos, terão que ser dados”.

Sobre as ambições das campeãs nacionais para a partida deste domingo na Cidade Desportiva Valle de las Cañas, em Pozuelo de Alarcón, João Tiago Silva refere que, “como sempre”, sendo esse “o ADN do Sporting”, as portuguesas “tudo vão fazer para ganhar”. No entanto, conclui dizendo que qualquer que seja o resultado final, o Sporting, “escreverá, mais uma vez, uma página na história do desporto nacional, desta vez no râguebi”.

Ausente nos últimos meses na Nova Zelândia, onde representou os Counties Manukau, Isabel Ozorio irá novamente liderar as sportinguistas num “jogo muito especial”. “Apesar de sabermos da experiência das espanholas, vamos focar-nos em nós e na nossa identidade. Queremos muito disfrutar deste jogo. Sabemos que será um marco importante para o desporto, para afirmação da competição feminina e do nosso clube a nível internacional”, disse ao PÚBLICO a habitual capitão sportinguista.

Com um papel decisivo na realização do troféu, ao convencer a congénere espanhola a homologar a prova, Luís Cassiano Neves, presidente da Federação Portuguesa de Rugby, considera que a 1.ª edição da Taça Ibérica feminina “é o resultado do compromisso de dois clubes que estão empenhados em afirmar a aposta no râguebi feminino”. Sublinhado que em Portugal a modalidade deverá estar “para sempre grata ao Sporting pela visão e pelo impulso”, o líder federativo diz que agora é preciso potenciar este troféu. “Cabe-nos agora dar maior expressão a este evento com uma afirmação definitiva da importância da mulher na nossa modalidade, traçando a meta de ter mais jogadoras, treinadoras, dirigentes e arbitras. O crescimento do râguebi português far-se-á com a forte contribuição do râguebi feminino”, concluiu o dirigente em declarações ao PÚBLICO.