Famalicão a espreitar pela frincha em Alvalade

Dito não alimenta grandes ilusões... a menos que o leão se distraia entre a tradição e a Champions.

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A Taça de Portugal volta a juntar Famalicão e Sporting, que na noite desta quinta-feira (20h30, SportTV) se encontram pela nona vez numa competição de sentido único, em Alvalade, com os “leões” a somarem por vitórias os oito anteriores compromissos, em que concederam apenas três golos aos minhotos.

Dito Cameselle, treinador do Famalicão, nem precisava das estatísticas para admitir, na conferência de imprensa que antecedeu a viagem para Lisboa, que as probabilidades de inscrever o nome do Famalicão nos oitavos-de-final da edição 2017-18 são tão apertadas como a “frinchazinha da janela” de oportunidade que propôs num discurso pragmático, com alguns recados em jeito de alerta para os perigos do mediatismo que acaba por dar a volta a algumas cabeças.

As diferenças deste encontro em relação ao habitat natural dos famalicenses são notórias e Dito insiste, mais uma vez, que o jogo de Alvalade “não é o mais importante da época”, especialmente para um Famalicão que segue na quinta posição (quarto em termos práticos) da II Liga, a dois pontos de um lugar de subida, esse sim, um cenário altamente aliciante.

É que a subida de escalão poderia despertar o clube de um sono profundo, devolvendo-o ao convívio regular com os “grandes” depois de ter estado perto do abismo dos distritais. De entre as seis temporadas que o clube já cumpriu na divisão de elite do futebol português, a mais recente data de 1993-94 — nesse ano, chegou ao fim um ciclo de quatro épocas entre os melhores.

Com o percurso na II Liga, nesta época, ainda numa fase madrugadora, os famalicenses vão matando saudades da década de 1990 pela via da Taça de Portugal, na qual nos últimos quatro anos se cruzaram por três vezes com o Sporting, ainda que sempre sem o sucesso que poderia mudar o sentido desta história.

A verdade é que as memórias dos minhotos não são as melhores e remetem-nos, mais uma vez, para as palavras de Dito, que não tem problemas em declarar que, em condições normais, o Sporting seguirá, naturalmente, em frente.

A chave da eliminatória poderia estar dependente de uma abordagem mais relaxada do Sporting, potenciada por uma conjuntura de Champions — a 5.ª jornada da fase de grupos, diante do Olympiacos, está marcada para a próxima quarta-feira — mas que, ao mesmo tempo, deixa Dito sem as habituais referências para poder antecipar o “onze” que Jorge Jesus tem na cabeça.

“Temos tentado perceber qual o ‘onze’ que o Sporting pode apresentar. Tenho feito vários puzzles para tentar perceber isso mesmo. Ao mesmo tempo sabemos que Jorge Jesus valoriza bastante esta competição. Por terem ainda uma distância considerável para o próximo jogo da Champions, acredito que irão aproveitar para fazer um ensaio para essa partida e que por isso vão colocar a equipa mais forte”, antecipa o técnico dos minhotos.

Se for o caso, Dito não tem problemas em admitir o desequilíbrio de forças. “O Sporting é mais forte e, ao seu melhor nível — com o Famalicão também no seu melhor —, o Sporting passa”, conclui, vincando que não será previdente esperar que o adversário adormeça no próprio estádio, onde o Famalicão nunca marcou um golo na prova-rainha.

Os números apresentam, de resto, um saldo emocionalmente pesado, com 17-0 a favor dos “verde e brancos”, ainda que a fatia de leão sejam os 11 golos que assinalam precisamente o primeiro encontro entre Sporting e Famalicão, nas meias-finais da edição pós-II Guerra Mundial, em 1945-46.
Apesar de tudo, a dinâmica de vitória no campeonato e toda a atmosfera criada à volta da equipa minhota podem ajudar alimentar a esperança.

De carro, comboio ou autocarro, o apoio está garantido com mais de um milhar de adeptos nas bancadas de Alvalade, desafiando a logística de um jogo marcado para uma quinta-feira à noite, o suficiente para desmobilizar uma enorme franja de simpatizantes que fica à espera da tal “frinchazinha” para colocar fim ao domínio absoluto do “leão”.

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