Aos 75 anos, o aeroporto de Lisboa vai superar os 26 milhões de passageiros

Crescimento depende do Montijo. ANA já entregou proposta para nova infra-estrutura.

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Início das obras de construção da aerogare (1940-1941) DR
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Abertura ao trafego internacional (1942) DR
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Vista aérea, 1942 DR
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onstrução da aerogare de voos domésticos (1969) DR
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Vista aérea, em 1972 DR
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Concorde numa paragem em Lisboa em 1977 DR
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Vista aérea, 1990 DR
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Obras na plataforma, 2002 DR
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A rede do metro chegou ao aeroporto em 2012, depois de muitos anos e promessas Margarida Bastos
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Em 2013, o grupo VINCI vende a privatização da ANA Patrícia Martins
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Novo recorde de passageiros em 2016, com o advento das companhias aéreas low cost e o turismo Rui Gaudêncio
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Força aérea terá de se retirar da Base do Montijo para dar espaço à nova-infraestrutura Nuno Ferreira Santos

O número de passageiros no aeroporto de Lisboa vai bater um novo recorde este ano, ultrapassando a fasquia dos 26 milhões. A informação foi adiantada por Carlos Lacerda, presidente executivo da ANA, empresa que gere os aeroportos nacionais, no dia em que celebrou os 75 anos desta infra-estrutura. Em 2016, o número de passageiros tinha chegado aos 22,4 milhões (11,7% acima do ano anterior).

O crescimento, impulsionado pelo turismo, abrange os outros aeroportos, com o do Porto a superar os dez milhões de passageiros. Ao todo, a empresa de capitais franceses estima que se ultrapasse os 50 milhões de passageiros em 2017.

“Este está a ser um ano fantástico para a ANA”, afirmou Carlos Lacerda, no evento que decorreu esta segunda-feira no interior do aeroporto Humberto Delgado.  

O evento serviu também para a empresa anunciar que já entregou ao Governo a proposta formal para o aumento da capacidade aeroportuária de Lisboa, que passa pela criação de uma nova infra-estrutura civil no Montijo.

Caminhos a percorrer

Agora, e depois de um atraso face ao calendário oficial, haverá “um trabalho de aprofundamento e detalhe das várias dimensões da proposta” da ANA, afirmou Carlos Lacerda. Já o ministro do Planeamento e Infra-estruturas, Pedro Marques, sublinhou que esta é uma proposta preliminar, e que há ainda um “caminho a percorrer” e antevê “espaço para melhorias”.

Para o ministro, que reiterou a falta de alternativas – justificando-a pela actuação do anterior governo, que privatizou a ANA --, a solução do Montijo, conhecida como “Portela + 1”, vai “permitir duplicar a capacidade hoje instalada” e “satisfazer a procura por várias décadas”.

Falta, ainda, a aprovação ambiental do projecto, algo que o governante espera ter resolvido no próximo ano, abrindo-se depois o caminho para uma decisão definitiva. A ideia é começar as obras em 2019, e entrar em funcionamento em 2021.

Para Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, que também discursou no evento, há uma “urgência no processo de expansão” do aeroporto de Lisboa, que, diz, deriva do seu próprio sucesso. “Este investimento foi adiado tempo demais”, vincou o autarca.

Portela reforçada

Além da nova infra-estrutura no Montijo, que implica a saída de parte da Força Aérea que está no local, o plano apresentado pela ANA implica também novos investimentos no aeroporto Humberto Delgado.

Carlos Lacerda enunciou a renovação da área de check-in, duas novas portas de embarque ligadas ao espaço “não Schengen” e a “duplicação de canais de embarque de todas as portas Schengen do Terminal 1 que ainda não possuem esta facilidade”.Isto tendo como data limite o Verão IATA do ano que vem (ou seja, entre o final de Março e o final de Outubro).

É preciso, também, que avance o novo sistema para controlar o tráfego  aéreo (o que representará mais espaço disponível).

Para já, resta saber quem paga a mudança da Força Aérea. Na sexta-feira, de acordo com o Jornal de Negócios, o secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, afirmou no Parlamento que a ideia do Governo é “encontrar uma solução em que a operação civil – no fundo a ANA – acabe por suportar os encargos que sejam necessários", avaliados em 130 milhões de euros.

Ao PÚBLICO, fonte oficial da ANA afirmou que “o tema específico do montante e pagamento da compensação” às Forças Armadas “compete ao Governo”, e que a empresa ”estará disponível para colaborar do lado das soluções que vierem a ser encontradas”. Questionado pelo PÚBLICO, o Ministério do Planeamento e Infra-estruturas não respondeu.

Mudanças no Montijo

No evento desta segunda-feira, foi dado um pequeno vislumbre do que será o novo aeroporto, com uma imagem de um edifício triangular orientado na direcção da Ponte 25 de Abril. No entanto, conforme já escreveu o PÚBLICO, a ANA apresentou desde logo várias ideias do que quer para aquela área.  

No seu “Projecto de instalação de uma infra-estrutura aeroportuária complementar ao aeroporto de Lisboa”, entregue em Fevereiro no Parlamento, defendeu desde logo a edificação de um hotel dentro das novas instalações. Já os parques de estacionamento terão espaço para cerca de 2500 veículos - sem contar com táxis e autocarros (funcionando este últimos também como acesso ao cais fluvial) - na fase de arranque e até 2025.

Depois, e numa óptica de “rápida rotatividade”, os passageiros farão “embarques e desembarques a pé”, ficando desde esclarecido que os trajectos de circulação “serão concebidos de maneira a maximizar a exposição dos passageiros aos espaços comerciais”. Segundo a ANA, antevê-se que haja a capacidade para movimentar cerca de 2300 passageiros “na hora de ponta de abertura” e 3800 passageiros na fase de expansão.  

Esta segunda-feira, a empresa reiterou ao PÚBLICO que o aeroporto do Montijo “pode ser totalmente financiado pelas taxas aeroportuárias daquele mesmo aeroporto, que ainda assim serão competitivas e capazes de atrair as companhias aéreas. “Desta forma”, defende, “um novo aeroporto civil no Montijo não vai pesar nos bolsos dos contribuintes”.

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