Depois de Deir Ezzor resta ao Daesh um reduto na fronteira sírio-iraquiana

Exército sírio conquistou a última grande cidade em poder dos jihadistas, na mesma altura em que os militares iraquianos tomaram importante posto fronteiriço.

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Soldados iraquianos celebram vitória sobre os jihadistas na fronteira com a Síria Reuters

Depois de Mossul e Raqqa, o Daesh foi expulso de Deir Ezzor, a última das grandes cidades que conquistou em 2014. Do vasto território que controlou entre a Síria e o Iraque resta-lhe apenas um enclave junto à fronteira – mas o fim anunciado do autoproclamado “califado” não será o fim do grupo jihadista e as forças que agora o cercam rivalizam pelo controlo das zonas “libertadas”.

Ao mesmo tempo que o Exército sírio proclamava a vitória em Deir Ezzor, cidade no Leste da Síria que serviu de entreposto ao Daesh para fazer circular armas e combatentes entre os dois países, os militares iraquianos anunciavam ter tomado o último posto fronteiriço no vale do Eufrates ainda em poder dos jihadistas. O Exército de Bagdad assegura também ter entrado na vizinha cidade de Al-Qaim, onde os militares norte-americanos que asseguram o apoio aéreo e logístico a esta ofensiva acreditam estar ainda entre 1500 a 2500 combatentes.

“Esperamos que eles tentem fugir, mas iremos fazer tudo o que podermos para aniquilar os seus líderes”, disse à Reuters o coronel Ryan Dillon, o mesmo que há dias tinha admitido à Al-Jazira que os que optarem por ficar preferirão morrer a render-se.

Na Síria, a conquista da totalidade de Deir Ezzor culmina dois meses de ofensiva do Exército de Damasco que, com o apoio da Rússia e das milícias xiitas, tinha já em Setembro conseguido quebrar o cerco dos jihadistas ao estratégico aeroporto militar e aos bairros no sudoeste da cidade que se mantiveram sob controlo das forças governamentais.

O próximo alvo é Al-Bukamal, no lado sírio da fronteira e a curta distância de Al-Qaim, onde se calcula que o Daesh terá entre dois a três mil combatentes. “A derrota em Al-Bukamal significa na prática que o Daesh deixará de existir enquanto estrutura com liderança”, disse à Reuters um militar sírio, dizendo não acreditar que os jihadistas estejam dispostos a oferecer grande resistência. “Estão cercados em todas as direcções, não têm abastecimento e há um colapso do moral.”

Dillon é menos optimista, dizendo que muitos combatentes planeiam camuflar-se entre a população ou fugir para o deserto, dedicando-se a acções de guerrilha e ataques terroristas. “A ideia que deu origem ao Daesh e o 'califado virtual' não serão derrotados tão cedo”, afirmou.

Outro problema é a crescente aproximação entre a ofensiva do Exército sírio e a protagonizada pelas milícias curdas, ponta de lança da coligação apoiada pelos EUA  e que no mês passado conquistou Raqqa. As duas forças estão numa corrida pelo controlo da província de Deir Ezzor, rica em petróleo. No avanço para Al-Bukamal assumiram posições a poucos quilómetros uma da outra, arriscando pôr em confronto directo coligações apoiadas por Washington e Moscovo. 

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