"Existe imunidade contra o sarampo em Portugal", garante DGS

Graça Freitas fala do Inquérito Serológico Nacional que é hoje apresentado e que mostra que portugueses estão mais vulneráveis ao sarampo.

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A directora-geral da Saúde encara "com toda a naturalidade" os resultados do inquérito que revela uma redução da imunidade contra o sarampo, lembrando a ocorrência este ano de dois surtos, que não se tornaram endémicos.

Os dados, que serão hoje apresentados, constam do Inquérito Serológico Nacional (ISN) 2015-2016, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), em que participaram 4866 pessoas, e que vem actualizar o último estudo, relativo a 2001-2002.

Em declarações à agência Lusa, Graça Freitas salientou que a ocorrência este ano de dois surtos de sarampo, foram pequenos e que não se tornaram endémicos. "Este ano tivemos dois surtos de sarampo que foram pequenos, que foram autolimitados e que depois não deram origem a transformações alargadas na comunidade e a doença não se tornou endémica. Eu diria que isso é a prova dos nove de que existe imunidade contra o sarampo em Portugal", disse.

Graça Freitas adiantou que conhece os resultados deste estudo há algum tempo e que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) tem estado a trabalhar com o Insa. "Conhecemos estes resultados. O inquérito é apenas uma peça para avaliação de todo o impacto das nossas intervenções aqui,  nomeadamente nas doenças para as quais há vacina. Nós, com periodicidade, e mais regularmente (os inquéritos fazem-se de 10 em 10 anos), avaliamos as coberturas vacinais, vemos como a população se está a vacinar e depois avaliamos a evolução da doença no nosso país", disse.

Graça Freitas lembrou que as vacinas do Programa Nacional de Vacinação estão todas controladas ou eliminadas.

"É com toda a naturalidade que encaramos estes resultados. São muito bem-vindos. Fazem parte de um quadro de análise do Programa Nacional de Vacinação. Estes dados serológicos de anticorpos (encontrado no sangue das pessoas), são apenas uma peça de um puzzle de monitorização que nos permite aferir da nossa actuação em relação à vacina."

De acordo com a responsável, os resultados do inquérito fazem parte de uma quantidade de parâmetros que "ajudam a saber onde estamos e a tomar decisões sobre vacinação".

"Por isso temos vindo a apelar à vacinação. Lembro que lançámos campanhas de repescagem de vacinação contra o sarampo, sobretudo nos grupos etários que não tendo tido a doença selvagem e contacto com o vírus vacinaram-se há alguns anos e esta vacinação já passou e têm níveis de anticorpos inferiores ao desejável", disse.

A DGS iniciou em Julho uma campanha de vacinação de repescagem contra o sarampo em crianças e adultos, tendo adquirido para o efeito 200 mil doses adicionais de vacinas.

Trinta e um casos de sarampo foram confirmados este ano em Portugal, tendo a DGS, recebido 158 notificações desde 1 de Janeiro, segundo os últimos dados daquela entidade divulgados em 6 de Junho.

No último inquérito, a seroprevalência para o vírus do sarampo era de 95,2%, mas o actual aponta para 94,2% de indivíduos imunes à doença. Este valor é inferior a 95%, "proporção de indivíduos seropositivos [com contacto com o agente infecioso] necessária para que ocorra imunidade de grupo", a qual é um efeito indirecto da vacinação que protege os vacinados, mas também os que não receberam a vacina, uma vez que reduz a circulação do agente e da transmissão da infecção.

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