Lusodescendente no Luxemburgo recebe prémio de cidadão europeu do ano

Davide Sousa é agente da polícia grã-ducal e levou a cabo uma investigação que "revelou um esquema de fraude social de dimensões europeias".

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A eurodeputada francesa Sylvie Guillaume (socialista) com Davide Sousa. Fotografia dos serviços do Parlamento Europeu EP

Um agente da Polícia do Luxemburgo de origem portuguesa, Davide Sousa, recebeu o prémio de cidadão do ano naquele país, atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu. A atribuição do prémio foi proposta pelo eurodeputado luxemburguês Claude Turmes e visa recompensar o agente da polícia grã-ducal pelo serviço prestado em missões europeias na Bósnia, Geórgia e Itália, e também pela sua contribuição no "combate à fraude social".

De acordo com um comunicado do Parlamento Europeu, Davide Sousa "revelou um esquema de fraude social de dimensões europeias", no decorrer de uma investigação. Em causa estavam pessoas a residir noutros Estados-membros que "utilizavam moradas fictícias no Luxemburgo" para obter subsídios e apoios sociais naquele país.

Graças à iniciativa do agente da polícia luxemburguesa, "que fez diligências para além do âmbito do seu trabalho", o Estado luxemburguês recuperou "somas substanciais", pode ler-se no comunicado. À Lusa, o lusodescendente recusou falar sobre o caso, alegando que o inquérito ainda não está concluído, mas disse que os contactos que fez nas missões europeias o ajudaram "na investigação no Luxemburgo".

Davide Sousa, de 41 anos, nasceu em Differdange, no Luxemburgo, filho de imigrantes portugueses naturais de Bustelo, em Chaves, onde o avô foi guarda-fiscal. Naturalizou-se quando entrou para a polícia, numa altura em que a lei não permitia ainda a dupla nacionalidade. "Tive de abdicar da nacionalidade portuguesa e fazer a tropa", recordou, frisando que continua a ter "uma paixão por Portugal", onde todos os anos passa férias.

"Eu sinto-me sempre dos dois lados. Fiz cá os estudos, fiz a escola portuguesa e hoje agradeço, porque quando participo em missões europeias posso comunicar com colegas portugueses", contou à Lusa, defendendo ainda que "faz falta na polícia [do Luxemburgo] quem fale português". "A população portuguesa é enorme cá no Luxemburgo e, quando chega uma pessoa à esquadra que só fala português, recorrem a mim", afirmou. "Com as vítimas, posso usar o português e ajudar a pessoa".

O prémio de cidadão europeu é atribuído desde 2008 pelo Parlamento Europeu, tendo como objetivo "recompensar atividades excepcionais desempenhadas por cidadãos, grupos, associações ou organizações" que promovam o reforço dos valores consagrados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia.

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